Pular para o conteúdo principal

Lado A Discos Premium entrevista Birlla Malerba


1 - Como surgiu o Trilho?
Bom, vamo lá. Primeiro lugar queria agradecer por me convidar pra fazer essa entrevista. Pra mim é sempre um prazer estar ajudando, colegas, amigos, podendo melhorar nossa cena musical, enfim, estamos aqui pro que der e vier. E é isso aí. Bom, o Trilho começou em 2009 quando eu e o meu marido (Andre Prokofiev - guitarrista do Trilho), a gente 'tava namorando já fazia um tempo, os dois músicos né? E os dois estavam parados e aí a gente pensou, vamos juntar as nossas forças.

Eu já tinha tido algumas bandas, nada muito profissional, a banda anterior ao Trilho, que eu tive foi a banda que eu mais toquei fora. Abri alguns shows até para o Décio Caetano (conhecido bluesman paranaense) na época, no antigo Porão Rock, acho que era (Porão Rock Club, conhecida casa de shows curitibana) e enfim, acabei saindo da banda. E o Andre também tinha acabado com uma banda dele e a gente pensou assim, então, vamos nos juntar né? A gente ficou meio receoso de começo, por que um casal, de repente a coisa podia desandar, mas a gente combinou que a banda continuaria caso a gente terminasse.

Foi um combinado que a gente fez, até para o pessoal da própria banda, às vezes o pessoal 'tá entrando de cabeça num projeto, aí vem uma briga de casal e estraga com tudo. Então a gente foi firme, vamos seguir, caso dê algum b.o. (gíria para problema, algo que deu errado. Vem de "boletim de ocorrência" documento utilizado por várias corporações policiais), graças a Deus não deu nenhum b.o. estamos aqui até hoje. Foi assim o nosso começo. 

Vamos juntar forças e estamos a fim de fazer música autoral, como é que vai ser isso? Em uma sentada assim, a gente pegou e fez umas cinco canções e fomos aprimorando... Na época os nossos integrantes eram, eu (Birlla Malerba), o Andre (Prokofiev), o nosso batera, até hoje, o Guilherme Richter, mas a gente tinha outro baixista, que era o Jean Maia, tinha na época também um outro menino que tocava guitarra, era o Marco e a própria Ellen Rojas, fazia parte também, ela toca em alguma banda aqui em Curitiba

E assim foi, a gente deu uma aprimorada nas músicas e tal e foi finalizando como ficava a formação (da banda)... Não deu certo com o Marco na época, aí ficou eu (Birlla Malerba), Andre (Prokofiev), Jean (Maia) e Guilherme. E aí a gente estreou em um festival que teve em Colombo (região metropolitana de Curitiba) que se chamava Foot Rock, era de um brother chamado Makkivas, não sei se ele 'tá tocando atualmente. Foi muito bacana pra gente a estreia...

Passado um tempo a gente acabou entrando num festival que o Crossroads (conhecido bar de rock em Curitiba) montou que foi o festival Jam Sessions, que tinha pra música autoral e cover e a gente acabou ganhando esse festival. Isso deu uma ajuda pra gente continuar, deu aquela empurrada, vamos manter. Vamo aí. Esse foi o início do Trilho, foi como a gente começou mesmo. Veio de uma loucura, o nome também veio de uma coisa muito louca, a gente acabou sorteando uns papeizinhos e fomos vendo o que encaixava com a banda, colocamos vários nomes, aquela coisa na loucura e acabou que ficou Trilho mesmo, deu boa esse nome.

2 - E as influências da banda? Fale um pouco sobre elas.
A questão de influência é uma coisa bastante ampla, pelo menos pra mim. Por que onde tem coisa boa eu procuro tirar algo positivo pra minha vida como vocalista. Mas o Trilho mesmo, a gente toma como frente mais a questão do southern rock (rock característico do sul dos EUA) que seria Lynyrd Skynyrd, Gov't Mule, Allman Brothers, tem uma banda mais nova agora o Blackberry Smoke, mas a gente tem essa coisa bastante do southern, Tedeschi Trucks Band, Susan Tedeschi, Derek Trucks, entre tantos outros nomes mais conhecidos e não tão conhecidos, é mais pra essa levada. 

Porém, não tem como dizer que é só isso a nossa influência, por que não é. Eu passei minha adolescência ouvindo muita coisa. Então dá pra incluir também aí qualquer coisa de rock clássico, desde os mais clássicos mesmo, Led Zeppelin, Deep Purple, Queen, Kiss, até outros tipos de som, Trapeze, que um "puta" de um power trio, o próprio Grand Funk (Railroad), enfim, temos uma influência bastante ampla. Eu, Fabíola (Birlla Malerba), particularmente tenho assim, um gosto bem amplo mesmo. Você pode pegar playlist minha, a maioria claro é rock 'n' roll, é o que faz meu coração bater mais forte mesmo, mas eu adoro um bom samba, adoro uma boa música brasileira, adoro um bom reggae, enfim. Gosto em geral, de um bom soul, um bom funk, faz assim, a gente pirar.

3 - E a sua formação musical, como aconteceu?
Bom, quanto a questão da formação musical, é uma coisa que eu não tenho. Então, como costumo dizer, eu não sou cantora. Me considero uma vocalista de rock, até por que o rock permite mais, mas eu cresci vendo meu tio, que era um cara da MPB, tocar muito violão, fazia muitas vozes com a minha mãe, ainda que ele fosse um cara que fizesse MPB, ele também ouvia de tudo.

Sempre ouviu de tudo, até hoje. Também cresci ouvindo os clássicos do rock 'n' roll com o meu pai, o meu irmão mais velho que tem uma banda que também está na cena, o "Bloqueio Mental", ele é um cara do punk. Cresci ouvindo punk rock com ele, Ramones. A minha irmã também sempre foi muito ligada a música. Então assim, foi "de um tudo". Tem uma amiga minha que o irmão dela é um cara aí da cena também, que é o "Denis Mariano", conheci muita coisa com ele. 

Então assim, se dá pra dizer, da minha formação musical eu diria que são mais as minhas influências que eu tive ao redor e o que eu tirei de proveito disso. Escolaridade musical eu infelizmente não tenho, tentei fazer aula de violão, tentei isso e aquilo e aquilo outro, pra mim não funcionou. Quando era mais nova, tentei entrar em aula de canto, mas fiquei com muito medo de perder a minha identidade vocal, ficando "quadrada" e procurei melhorar o que eu podia sozinha.

Porém, chegou agora numa fase, onde já estou com quase dez anos de banda, tenho banda desde os dezessete, 'tá na hora de aprender alguma coisa. Então, eu 'tava até fazendo aula na Beethoven Haus (importante escola de música de Curitiba), 'tô pra voltar, se Deus quiser, pra ter uma base pra uma maturidade maior, agora que me vejo mais madura, pra conseguir aprender sem perder a minha identidade.

4 - Dê uma geral na discografia do Trilho para quem não conhece. Vi que há novidades para a banda em breve...
Bom, o Trilho é uma banda que não tem vários discos, apesar da gente ter quase dez anos. A gente foi trabalhando devagar nas músicas e por sermos uma banda independente, sempre tivemos que tirar do nosso bolso pra gravar e tal. A primeira pessoa que deu um incentivo assim de gravação foi o Vlad e o Virgilio Milléo (produtores musicais curitibanos), eles foram contemplados por um projeto de Lei e chamaram doze bandas e nós estávamos no meio. Cada banda gravou um EP (Extended Play - álbum que contém de seis a oito músicas) e era uma coisa meio padrão pra todo mundo. 

A partir dali a gente começou a perceber como estavam as gravações e fomos melhorando essas gravações. Ao invés da gente compor mais músicas a gente foi aprimorando as canções que a gente já tinha. Então, nós temos atualmente um disco, que é um compilado de todo o nosso trabalho até hoje.
Eu lembro que até na época, que o Andre (Prokofiev) quis fechar o registro desse trabalho, por que as músicas não foram gravadas todas em um estúdio só, foi realmente como te falei, é um compilado, a gente juntou tudo que a gente tinha de material e formamos o nosso CD.

Eu era até meio contra, falei vamos passar adiante, estamos compondo novas coisas, vamo pra frente. E ele, não, vamos registrar isso aí, vamos fechar esse nosso trabalho. Afinal de contas foi tudo muito suado. Vamo lá então. E foi a melhor coisa que a gente fez. É um material que mostra um pouco do que a gente é, mas é um registro que ficou, agora, como o que era o Trilho. Por que o Trilho agora 'tá vindo com mais força, com mais maturidade.

Então, agora nós estamos gravando um disco, começamos no ano passado, já estamos com cinco músicas gravadinhas, já em processo de mixagem, ainda faltam mais algumas pra gente poder fechar o CD. Nesse meio tempo acabei ficando grávida, tive meu nenênzinho e aí a gente deu uma segurada. Eu gravei e fiz shows até onde eu pude, até com "barrigãozão". Mas aí teve um momento, quando ele nasceu que a gente deu esse tempo. Agora estamos voltando a fazer shows, ele 'tá completando cinco meses e a gente 'tá tocando de novo e 'tamo voltando aí pra fazer essas gravações. A ideia é que pra esse ano saia um disco bem maneiro do Trilho, vamos esperar para que isso aconteça.

5 - Birlla, fique à vontade para suas últimas considerações, passar agenda de shows, redes sociais e o que mais achar necessário.
Então, o que eu posso dizer pra você que o Trilho é uma banda de rock mesmo, é uma banda que tem influências de southern rock, é uma banda pra ouvir alto. É uma banda pra animar mesmo a tua energia, a tua noite. Estamos voltando a fazer shows, nosso próximo show, se tudo der certo, é no dia 10 de março, fechando o show do Som Nosso (de Cada Dia - importante banda brasileira de rock progressivo), que vai rolar no Jokers (bar e casa de show curitibana). Cara, sei lá, acho que é isso... estamos aí, estamos abertos. Adoramos fazer amigos, adoramos nos unir, adoramos apoiar a todos. Então, quem quiser conhecer um pouquinho do Trilho esteja à vontade em  nos adicionar nas redes sociais.

Estamos no facebook, estamos no Instagram, nós, os integrantes também, então, quem quiser adicionar a gente pra trocar ideias, pra unir forças, ou só pra trocar uma ideia de som mesmo, fiquem à vontade. É um prazer poder falar um pouquinho da minha banda aqui pra vocês. Fico muito feliz, acho que essa união que acontece, ela é muito importante. Tem outras pessoas também que nos abraçam sim e é muito bom pra gente. Então, eu agradeço do fundo do meu coração por poder estar aqui falando pra vocês sobre essa banda que é o nosso xodózinho. E é isso gente, 'tamo aí fazendo rock 'n' roll pra quem quer ouvir em tempos difíceis para o nosso som.

Não vamos desistir jamais.

Veja o Trilho em "Ei você... Já se sentiu fora da lei?"

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os 500 nomes mais marcantes da música curitibana

joão romano nunes aka cabelo (violonista e compositor)  A abonico smith (jornalista). ademir antunes aka plá (violonista, cantor e compositor). ademir tortato (cantor, compositor). ades nascimento (cantor, compositor). adri dallo (cantora e compositora). adri grott (cantora, compositora). adri neves (jornalista, locutora). adriano sátiro bittencourt (violonista e compositor). adriane perin (jornalista). ágatha pradnik (acordeonista). aglaê frigeri (percussionista). airto moreira (baterista, percussionista). airton mann (guitarrista, compositor). alberto rodriguez (guitarrista, cantor e compositor). alceo bocchino (maestro, arranjador, pianista e compositor). aldo pallets (guitarrista). alec beraldi aka pisCes (guitarrista, cantor, compositor). alex gregorio (violonista, compositor). alexandra scotti (cantora, compositora). alexandre benato (baixista e vocalista).  alexandre bühler (cantor, compositor). alexandre kassin (compositor, produtor cultural). alexandre martins (cantor...

Seda (álbum) 2022

Não há uma linha condutora que ligue todas as canções, mas uma escuta atenta nos faz perceber toda a riqueza e beleza desse álbum. Todas as letras escritas em um português muito bem construído. O músico  Ades Nascimento , responsável pelo projeto, explica como foi o processo de produção do álbum.  " Em 2018 o Sesi publicou Edital de inscrições para o Núcleo de Música, com as participações  do maestro Isaac Chueke , e dos produtores e compositores Vadeco Schettini e Alexandre Kassin . O Edital ofereceu 12 (doze) vagas para duas semanas de "vivência" na Casa Heitor Stockler e Estúdio Astrolábio. Foi através desse Edital que conheci Luque Diaz . Músico e produtor de uma nova geração (comparada à minha) com excelente conhecimento de produção musical. Multi instrumentista. Conhecedor de ritmos da cultura brasileira, africana e de outras nações, imediatamente rolou uma sintonia entre minhas composições e suas audições. Ao final dessa vivência submeti o projeto sedA - Ades ...

Lado A Discos entrevista Nélio Waldy (Nelinho)

1 - Fale um pouco sobre a sua carreira musical pra quem não conhece seu trabalho. Comecei no final dos anos 70, no início dos 80 tínhamos uma dupla folk chamada "Zepelin e Nélio" , eu e o Marquinhos , que é irmão do Reinaldo Godinho (importante compositor e cantor paranaense). Uma música que gravamos, chamada "cowboy americano" , tocava direto no programa que o Maki Maru tinha na Rádio Iguaçu (a rádio era uma das líderes de audiência em Curitiba , ficou no ar por trinta e um anos e desde 1968 era parte do grupo do empresário Paulo Pimentel . Foi fechada em 27 de maio de 1977 pela Ditadura Militar por ordens do então Presidente da República Ernesto Geisel, sem qualquer justificativa).  Em 82 formei o "Grupo Dharma" , que tinha uma pegada mais prog (progressiva). Como guitarrista acompanhei, alguns artistas locais e também fui baixista de baile. Em seguida formamos o "Sinal Verde" e a "Primata Embriagae" , que mais tarde vi...