A depressão pode ser algo paralisante, você não quer fazer nada, não quer tomar banho, escovar os dentes, nem mesmo comer, só quer dormir, dormir e dormir, mesmo que não tenha sono. Estou envolvida com a depressão há bastante tempo, há tanto tempo que não me lembro mais quanto. Separo as coisas em antes e depois da internação psiquiátrica, fui internada há sete anos, com problemas de disforia de gênero e uma espécie de esquizo afetividade, que me fazia pensar constantemente em suicídio. De lá pra cá venho organizando as coisas na terapia, mas a depressão se instalou sorrateira. Quando não estou em análise, durmo e praticamente não saio de casa. Deixei de tocar violão, quase não leio e abandonei este blog.
Acompanho o trabalho do fotógrafo de rua Wagner Melo há algum tempo e em um desses meus dias vazios vi o documentário "Wagner Melo - Fotógrafo de rua" feito pelo também fotógrafo Ricardo Franzen. Foram os melhores 40 minutos dos meus últimos tempos. A paixão de Wagner pelo trabalho transborda no vídeo e pude notar que é isso que está me faltando. Melo tem uma trajetória complexa, viveu nas ruas por alguns anos por ser ex - usuário de crack e através da sua experiência desenvolveu sua estética de trabalho. Quis conhecê-lo melhor e marquei um encontro com ele.
É incrível como certas coisas podem nos entusiasmar, de repente quis sair de casa, tomar banho, tomar um ônibus pra encontrar alguém que não conhecia para conversar sobre a vida, a arte e a fotografia. Entre tantas coisas falou sobre disciplina, foi fazer uma foto e de repente notou que estava sem o cartão de memória. Não se intimidou e fez com o celular a imagem que ilustra esse texto. Pedi para usá-la em um possível texto que talvez fosse escrever. Andamos pela Rua XV, tomamos café com leite (o meu sem açúcar) e ele foi cumprimentando cada trabalhador de rua que encontramos pelo caminho.
Veja o documentário "Wagner Melo - Fotógrafo de rua".
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