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10 erros que cometi no mundo da música.


1 – Quanto antes você definir o seu instrumento, melhor.
Comprei meu primeiro violão aos 15 (eu já tinha arranhado uma guitarra desplugada aos 12 ou 13). Apesar de ter um violão, aos 20 comprei uma guitarra. Quando entrei na faculdade aos 24 apesar de tocar um pouco de violão e um pouco de guitarra, aceitei entrar em uma banda para tocar baixo! Quando saí aos 26 montei outra banda e voltei a tocar violão e passei a compor música e letra. A outra banda também acabou e eu não soube para onde ir. Fui fazer uma pós para arejar as ideias. Só fui descobrir que o meu caminho como músico era o violão instrumental aos 40 e eu já tinha um violão desde os 15.

Aprendizado: A gente precisa ser específico quando decide atuar em música, assim evitamos andar em círculos.

2 – Faça aulas de piano além de aulas para o seu instrumento.
O piano é um instrumento muito didático, é mais fácil compreender a estruturação da teoria musical através do piano do que em outro instrumento.

Aprendizado: Fiz aulas de piano na faculdade e me ajudou muito a entender vários conceitos.

3 – Não leve a sério comentários que depreciem sua maneira de tocar.
Há muita competição e “dor de cotovelo” no mundo da música. Gente para dizer que “você não toca nada” e que “você não sabe tocar” tem muito. Não deixe isso te abalar, continue tocando e fazendo as suas coisas.

Aprendizado: Ouvi muito esse tipo de comentário e isso afetou a minha auto - estima chegando ao ponto de ter vergonha ou não querer mais tocar. Reparei que dar ouvidos a isso não fazia sentido.

4 – Não vá para a faculdade sem antes estudar em uma Escola de Música.
Entrei na faculdade apenas com meu conhecimento transversal sobre música e não sabia coisas formais simples como ler um Dó na partitura. Essa deficiência inviabilizou meu aproveitamento nas aulas, pois sempre tive que correr atrás do prejuízo. A universidade não vai ensinar esse tipo de assunto para você, uma Escola de Música, vai.

Aprendizado: Você pode saber várias coisas sobre música sem precisar ir para uma escola especializada, no entanto, esse conhecimento pode não ajudá-lo muito em uma universidade.

5 – Tenha claro que: professor de música e músico de carreira são profissões diferentes.
Durante a faculdade me empenhei mais em ser músico de carreira, quando vi que não daria optei por dar aulas, achando que a minha experiência como músico me ajudaria. Quando fui para a escola vi que não sabia dar aula e me perdi.

Aprendizado: Muitos professores de música fazem shows e muitos músicos de carreira dão aulas, mas é importante que você saiba que são abordagens específicas que exigem estudo e empenho. Não adianta empenhar - se na carreira e resolver dar aulas, as aulas não vão funcionar. Também não adianta se empenhar estudando didática e querer ter uma carreira. Para fazer as duas coisas se empenhe nas duas, se ficar difícil opte por uma delas.
  
6 – Se você optar por ser músico de carreira saiba que empregos fixos e contratos são raríssimos e que trabalhar de maneira independente é o caminho trilhado pela maioria dos músicos atualmente.
Demorei a perceber que o mercado da música estava mudando drasticamente desde 1999 com a criação do Napster e fiquei a espera de um contrato para as minhas bandas que nunca chegou. Como eu tinha uma visão do emprego fixo optei em ser professor.

Aprendizado: Para sobreviver como músico de carreira eu precisaria entrar no mercado independente e para isso era necessário ter uma visão empreendedora.

7 – Como músico de carreira não acredite que o “reconhecimento simbólico” vá se transformar em “reconhecimento de mercado”.
Dificilmente as pessoas dizem que, o que fazemos não vai dar certo, é uma afirmação muito arriscada. Elas iam aos meus shows quando eram gratuitos, davam tapinhas nas costas, diziam que estava legal e isso e aquilo, mas não pagavam, por diversos motivos. Pagar é “reconhecimento de mercado”, o “tapinha nas costas” é o “reconhecimento simbólico”.

Aprendizado: Se as pessoas não pagam, a tendência é continuar não pagando e “tapinha nas costas” não pagam contas.

8 – Se você optar por ser professor saiba que, ser professor de Escola de Música é diferente de ser professor na Escola Regular.
Quando optei por ser professor fui dar aulas de música na Escola Regular e cometi um erro que comprometeu todo meu trabalho durante os seis anos em que lá estive. Não levei em consideração o fato de que a maioria dos alunos não quer ser músico. Em determinado momento eu estava dando aula sobre “campo harmônico” para uma plateia que provavelmente nunca precisaria montar um “acorde”. Esse assunto faz muito mais sentido em uma Escola de Música do que na Escola Regular.

Aprendizado: Na Escola Regular a abordagem tem que ser diferente, você pode até falar sobre “intervalos”, por exemplo, mas precisa associar o objetivo da aula com situações do cotidiano. No caso dos “intervalos” pode-se relacionar com o “dim – dom” da campainha que é um “intervalo” de 4ª Justa. Se você não fizer isso vai chegar um tempo que os alunos vão questioná-lo sobre os objetivos de determinadas aulas e você não vai saber o que responder.

9 – Procure ser humilde.
Eu achava que a quantidade de coisas que eu sabia era o mais importante para ser professor. Deixei a sala de aula depois de seis anos. Analisando meus pontos fracos descobri que mais do que a quantidade de coisas que se saiba, o mais importante é a maneira como a gente se relaciona com os alunos, os outros professores, os funcionários e a direção. Havia professoras que conjugavam mal os verbos e estavam quase se aposentando.

Aprendizado: As pessoas não te respeitam apenas porque você tem um diploma e acha que sabe um monte de coisas.

10 – Aprenda com os próprios erros.
Aprender com os próprios erros parece algo básico, mas eu não tinha esse hábito. Eu pensava assim: não deu certo, tudo bem. Da próxima vez vai dar.
O problema é que eu não refletia sobre o que tinha dado errado. Era uma esperança sem base.

Aprendizado: Aprender com os próprios erros dá trabalho, estou há dias pensando nesses erros e organizando essa lista. 


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