![Imagem relacionada](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFei4wfSCKaV5uvXp4dqXCIVa-VgsOgVWu2OhcPSv9EY5B6F3G6qUePTRTqujKp3rMOehA4i27KKiwKFDWObLQP6UrkEyaGRxvm5PCSdf5Fdg1lZg4Wmx5NU4G_RCMYZrajimsjP2nKDY/s400/ln44-amelinha-frevo-mulher.jpg)
apesar de amelinha ter lançado "mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor" em (1982), para compreender um pouco da letra de "frevo mulher" (1979) precisamos olhar para "mulher nova, bonita e carinhosa...".
"mulher nova..." é um poema escrito pelo repentista e poeta popular pernambucano otacílio batista patriota (1923 - 2003), em princípio lançado no álbum "violeiros do pajeú" de 1973. é um poema que aborda vários conquistadores da história da humanidade e suas relações de amor com mulheres mais jovens, entre eles o cangaceiro virgulino ferreira da silva (1898 - 1938), o lampião e seu romance com maria gomes de oliveira (1911 - 1938), a maria bonita.
a época do lançamento de "frevo mulher", amelinha (amélia cláudia garcia collares) era casada com zé ramalho (josé ramalho neto) compositor de "frevo...", eles foram casados de 1978 à 1983. como zé ramalho musicou "mulher nova..." de otacílio batista para amelinha gravar em 1982 acredito que ele tenha se inspirado, ou se baseado, no poema para escrever "frevo mulher", em par com as indicativas de que ele também a tenha escrito para a esposa.
quantos aqui ouvem, os olhos eram de fé,
quantos elementos amam aquela mulher (amelinha disse que era muito assediada na época por compositores e que zé ramalho escreveu os versos nesse sentido, no entanto, essa mulher também pode ser maria bonita. antes de se juntar ao bando de lampião, maria era casada e uma mulher bastante atraente)
quantos homens eram inverno outros verão,
outonos caindo secos no solo da minha mão. (algumas interpretações associam esses versos com a sexualidade do homem, alguns mais frios, outros mais quentes... para mim soa mais como a "passagem do tempo")
gemeram entre cabeças a ponta do esporão (os cangaceiros tinham o hábito de decepar a cabeça dos seus inimigos, assim como tiveram suas cabeças decepadas pelas volantes. o esporão é um acessório usado em montarias, o bando de lampião andava a pé, mas também possuía cavalos e outros animais)
a folha do "não - me - toque" e o medo da solidão (aqui há outra associação a sexualidade, a "não - me - toque" é uma planta que se encolhe ao toque, também conhecida como "pudica" ou "malícia de mulher", uma licença poética entre se entregar ao desejo e o medo de ficar só)
veneno meu companheiro, desata no cantador
e desemboca no primeiro açude do meu amor (ver cabeleira, abaixo)
é quando o tempo sacode a cabeleira (a passagem do tempo: "inverno, verão, outono..." transformando a cabeleira - "cabeleira" é um arbusto, uma pequena árvore conhecida por vários outros nomes, entre eles, "cabeleira - de - velho", "noivinha" e "chuva - de - prata" cujas flores são brancas).
a trança toda vermelha (o compositor pode estar se referindo ao caule da cabeleira quando diz "a trança", pois seu caule possui muitos ramos. a "cabeleira" é uma planta venenosa (ver veneno meu companheiro) e sua seiva em contato com a pele pode deixar o local irritado e bastante vermelho - isso faz o par com "toda vermelha". em caso de ingestão, a intoxicação pode ser grave.
um olho cego vagueia (lampião era praticamente cego do olho direito, por conta de um espinho que o atingiu na caatinga)
procurando por um (talvez seja lampião (o olho cego) "procurando por um" amor. o amor de maria bonita.
ouça amelinha em "frevo mulher":
Mais uma interprete subestimada do país!
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