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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Entre o esquecimento e a reconstrução - minha primeira apresentação após o internamento

Quando saí da internação psiquiátrica em julho de 2017 após 24 dias, eu havia esquecido todas as músicas que tocava no violão. Não esqueci acordes, escalas, nem shapes, mas não conseguia construir nada, nenhuma música, a não ser as do primeiro repertório. Eu separo o material que toco em dois repertórios, primário e secundário . O primário são canções populares, com poucos acordes e sem solos, músicas que em geral eu canto, mesmo sem ter uma voz de destaque. São músicas que lembro de cabeça ou dou uma olhada nos acordes e aprendo na hora, sem preocupações de lembrar depois. Essas canções eu tocava na clínica quando havia aulas de musicoterapia , uma das atividades que mais me animavam por lá.  O secundário são peças complexas que me propus a tocar em meados de 2014, quando voltei a fazer aulas de violão , um salto que quis dar na minha "carreira" de musicista. A partir dessa época fui construindo um repertório instrumental que somavam oito temas, cada tema l...

Uma Fina Camada de Gelo - Uma imersão rica e detalhada no sempre independente rock curitibano

Se você pensa, ou pensou, em ser músico de rock profissional e mora no Paraná (em Curitiba , mais especificamente) sugiro que leia esse livro. Uma leitura atenta e cuidadosa pode, ou poderia, fazer você mudar a rota do seus planos. Correr atrás das realizações e sonhos é bastante saudável, mas é importante saber onde você está se metendo. O autor,  Eduardo Mercer , abre várias linhas do cenário do rock autoral da cidade desde os anos 60 e vai colocando no tabuleiro quem é quem no complexo jogo de xadrez da cena roqueira curitibana. Como foi formado o nosso frágil mercado interno e como as mudanças externas, desde a afiliação da TV Paranaense a Rede Globo em 1970, passando pelo fim do vinil em meados dos anos 90 até a chegado do streaming no início dos anos 2000, afetaram gerações inteiras de bandas e músicos locais. Dividido em capítulos, o livro tem uma narrativa que busca juntar várias peças de um longo quebra - cabeça, que passa por bandas importantes que caíram n...

Lado A Discos Premium entrevista Juliana Cortes

1 - Me parece que você tem uma ligação com a música contemporânea do séc. XX, como aconteceu essa aproximação? Sempre gostei de ouvir obras que extrapolam a escrita convencional, são buscas pelo o incomum e acho isso o máximo. Boa parte do meu aprendizado em música contemporânea se deve ao professor André Egg que lecionou essa disciplina na minha graduação na FAP.  2 - E o seu início na música, como aconteceu? Através do canto coral, foi um caminho muito natural, entrei aos cinco anos num coral infantil e depois, coral juvenil e coral adulto. Me formei em música e me especializei em canção popular.  3 - Para quem não conhece a sua carreira, você poderia falar um pouquinho sobre a sua discografia? Tenho dois discos solos, o CD "Invento" foi lançado em 2013, gravamos em três dias com todos os músicos no estúdio. Embora tenha sido feito sem nenhum apoio de gravadora - o que chamamos de independente, foi um disco muito bem avaliado entre a crítica. Por e...

Algumas relações dos Beatles com o AC/DC

Quando o AC/DC surgiu em 1973, em Sydney na Austrália , os Beatles tinham acabado já fazia um tempo, eles encerraram suas atividades oficialmente em 10 de abril de 1970. No entanto, a história da banda australiana pode começar a ser contada um pouco antes. George Young (1946 - 2017) um dos irmãos mais velhos de Malcolm (1953 - 2017) e Angus Young , Mal morreu pouco menos de um mês depois de George , fundou em 1964 em Sydney uma banda de rock chamada The Easybeats .  Fortemente influenciado pelos Beatles , os Easybeats tornaram-se a banda de rock mais popular da Austrália e alcançaram alguma notoriedade internacional. Contudo, a ligação mais forte que os australianos tem com os Fab Four foram as gravações que fizeram em Abbey Road em 1966, entre elas "Friday On My Mind" , maior sucesso da banda, que encerrou as atividades em 1969. Após o fim da banda, George Young torna-se produtor musical e mais tarde vai trabalhar com as bandas dos irmãos mais jovens....

Lado A Discos Premium entrevista Amandio Galvão

1 - O Dr. Smith foi sua primeira banda? Como foi sua trajetória musical até chegar ao grupo? Legal você me perguntar isso, porque sempre me ligam apenas ao Dr. Smith . Na verdade comecei em 1984 numa banda chamada Metro Quadrado que tocava  músicas autorais e alguns covers do The Cure e U2 da época, (tenho um ensaio gravado desse tempo... é bem engraçado). Essa banda acabou virando o Pós Meridion , mas não participei do disco "Cemitério de Elefantes"  - primeira coletânea de bandas de rock de Curitiba , lançada em 1989 (acabei saindo na famosa foto do mirante da Telepar participando de outra banda: Ídolos de Matinée ). Depois entrei em 1986 no Transe Social , também autoral e alguns covers da época (Cure, Smiths, U2), essa banda acabou virando uma outra, com uma troca de alguns integrantes, e virou no fim de 86 até 88  n' Os Harcanjos , fizemos alguns shows legais, inclusive, tenho filmagens dessa época (se eu achar te mando). Por volta de 87 montamos eu, Abí...

Lado A Discos Premium entrevista Marcio Tadeu

1 - Em 2015 você lançou o livro "Terapia com Sequela - Rock Maldito: o psychobilly visto por dentro" que conta a história do psychobilly no Brasil, principalmente em Curitiba. Como foi o processo de amadurecimento do livro e como foi escrevê - lo? Pra eu chegar na redação final levei sete anos. Cheguei a ter 130 páginas escritas e recomecei. Foi uma construção: esquecer da emoção. Escrever como se conversa. Revisões de texto - que ainda assim deixam passar falhas. Mas  deu muito prazer e orgulho. 2 - Você ajudou a formar Os Cervejas em 1990, fale um pouquinho dessa época e como foram os primeiros shows. Os Cervejas já foi um projeto melhor acabado do que gostaríamos de fazer no psychobilly . Mesmo que ainda não tivéssemos as referências infindáveis de hoje. O terreno era perto do sombrio. Imperava o amadorismo e um senso de se aproveitar da oportunidade para ganhar míseros reais em cima das bandas. Enfim, ainda bem que tudo mudou, não muito, mas mudou. Havia muito...