Maria Gomes de Oliveira (1911 - 1938) efetivamente foi uma mulher bonita, pois a vida no cangaço beirava ao desumano, no entanto, Maria só ficou conhecida como "Maria Bonita" depois que morreu fuzilada ao lado de Lampião no cerco de Angico, em Sergipe. Até a morte trágica da realeza do cangaço, ela era conhecida apenas como "Maria de Déa" ou "Maria do Capitão". Na região onde ela nasceu, "Paulo Afonso - interior da Bahia", havia um costume de chamar as pessoas pelo nome + o nome de um parente próximo, no caso, "Maria de Déa" era porque sua mãe se chamava Dona Déa. Na minha família, no tempo da minha mãe (que também nasceu na Bahia) também havia esse costume, ela tinha um irmão mais velho (já falecido) que se chamava "Zeca" e a sua mulher era conhecida como "Maria de Zeca".
"Maria de Déa" antes de se juntar ao cangaço e casar com Lampião, foi casada com um sapateiro chamado "Zé de Neném" (Seu Neném, em princípio, seria seu pai), mas esse casamento de Maria não era dos melhores. Quando ela se casou com Lampião, passou a ser chamada também de "Maria do Capitão", em referência a patente que Virgulino ganhara do Padre Cícero. "Maria de Déa" foi a primeira mulher a entrar para o cangaço, um fenômeno associado ao banditismo no nordeste brasileiro que teve início no século XIX. Junto com Sérgia Ribeiro da Silva (1915 - 1994), a Dadá - esposa de Corisco (o homem mais importante no bando depois de Virgulino) fizeram parte da realeza do sertão.
A jornalista Adriana Negreiros faz um minucioso retrato das mulheres cangaceiras, muitas vezes desprezadas dentro e fora do bando. Longe de levantarem uma bandeira feminista, mesmo assim, Maria e Dadá fariam coisas difíceis de se imaginar para uma mulher de cidade grande naqueles anos. Dadá, por exemplo, foi a única mulher do bando a manusear um fuzil e Maria era a única pessoa capaz de fazer Lampião mudar de ideia. As mulheres só puderam votar no Brasil em 1932, aproximadamente dois anos depois que Maria entrou para o cangaço. Apesar da autora fazer um pequeno paralelo entre a vida das cangaceiras e das mulheres na cidade, não há motivos para supor que a vida das primeiras fosse mais livre que das segundas.
Para mim a leitura foi esclarecedora, apesar das descrições de crimes brutais, pude localizar muitos detalhes sobre a origem e costumes dos meus antepassados que vieram do sertão para o sul do país. Certa vez, na minha infância, meu avô comentou que conheceu um dos homens do bando de Lampião, era início dos anos 80, quando a série da TV Globo "Lampião e Maria Bonita" foi ao ar.
Ele disse que o nome do cangaceiro era "amarelo" e cresci com essa informação. Há pouco tempo imaginei que esse cangaceiro talvez pudesse ser "Moreno" (1909 - 2010) - não houve nenhum "amarelo" no bando, marido de Durvinha (1915 - 2008) também cangaceira, que depois da morte de Lampião fugiu para Minas Gerais, para uma cidade relativamente próxima de onde meu avô nasceu, em 1913. No entanto, meu avô mudou-se para a Bahia em data incerta (próxima a 1940) e não se sabe por quantas cidades andou, ficou no estado aproximadamente vinte anos, até que veio para o Paraná. Analfabeto, registrou os filhos e casou-se no civil somente aqui no estado. Corisco (1907 - 1940) e Dadá ainda tentaram manter o cangaço após a morte de Lampião e Maria, mas desistiram e fugiram para a Bahia, Corisco foi morto em Barra do Mendes, ao norte do estado.
Corisco era conhecido como "diabo louro", por causa do cabelo alourado, e pode ter sido ele quem meu avô conheceu por "amarelo". É uma informação que talvez eu nunca tenha como confirmar.
A jornalista Adriana Negreiros faz um minucioso retrato das mulheres cangaceiras, muitas vezes desprezadas dentro e fora do bando. Longe de levantarem uma bandeira feminista, mesmo assim, Maria e Dadá fariam coisas difíceis de se imaginar para uma mulher de cidade grande naqueles anos. Dadá, por exemplo, foi a única mulher do bando a manusear um fuzil e Maria era a única pessoa capaz de fazer Lampião mudar de ideia. As mulheres só puderam votar no Brasil em 1932, aproximadamente dois anos depois que Maria entrou para o cangaço. Apesar da autora fazer um pequeno paralelo entre a vida das cangaceiras e das mulheres na cidade, não há motivos para supor que a vida das primeiras fosse mais livre que das segundas.
Para mim a leitura foi esclarecedora, apesar das descrições de crimes brutais, pude localizar muitos detalhes sobre a origem e costumes dos meus antepassados que vieram do sertão para o sul do país. Certa vez, na minha infância, meu avô comentou que conheceu um dos homens do bando de Lampião, era início dos anos 80, quando a série da TV Globo "Lampião e Maria Bonita" foi ao ar.
Ele disse que o nome do cangaceiro era "amarelo" e cresci com essa informação. Há pouco tempo imaginei que esse cangaceiro talvez pudesse ser "Moreno" (1909 - 2010) - não houve nenhum "amarelo" no bando, marido de Durvinha (1915 - 2008) também cangaceira, que depois da morte de Lampião fugiu para Minas Gerais, para uma cidade relativamente próxima de onde meu avô nasceu, em 1913. No entanto, meu avô mudou-se para a Bahia em data incerta (próxima a 1940) e não se sabe por quantas cidades andou, ficou no estado aproximadamente vinte anos, até que veio para o Paraná. Analfabeto, registrou os filhos e casou-se no civil somente aqui no estado. Corisco (1907 - 1940) e Dadá ainda tentaram manter o cangaço após a morte de Lampião e Maria, mas desistiram e fugiram para a Bahia, Corisco foi morto em Barra do Mendes, ao norte do estado.
Corisco era conhecido como "diabo louro", por causa do cabelo alourado, e pode ter sido ele quem meu avô conheceu por "amarelo". É uma informação que talvez eu nunca tenha como confirmar.
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