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Lado A Discos Premium entrevista Manoel José de Souza Neto

 

Manoel J de Souza Neto, na Fonoteca da Música Paranaense (Musin – Museu do Som Independente) ouvindo compactos paranaenses de rock dos anos 60.


Lado A Discos Premium entrevista com o polêmico Manoel José de Souza Neto sobre as dificuldades na fundação da Fonoteca da Música Paranaense, pesquisas musicológicas, cena local, entre outras questões.


Converso com Manoel J De Souza Neto (São Paulo, 09.01.1974, radicado em Curitiba). Produtor cultural, pesquisador, cientista político, escritor e agitador, que já foi membro do Colegiado Setorial de Música e Conselho Nacional de Políticas Culturais – CNPC do Ministério da Cultura entre 2005-2017, fundador do Musin - Museu do Som Independente e da Fonoteca da Música Paranaense. Atualmente é editor do Observatório da Cultura do Brasil.

Meta-entrevista:
Prelúdio Daltoniano (paródia a última entrevista que o vampiro deu à imprensa no ano de 1968).

Num banco da Praça Osório, local do nosso encontro, próximo do Musin e de tantas histórias que se relacionam com Curitiba e muitas bandas locais, a primeira pergunta que me ocorre fazer para Manoel J de Souza Neto, é se ele nunca pensou em trocar Curitiba por centros maiores.

Lúcia

Manoel, você nunca pensou em sair de Curitiba? 

- Sim, troquei em alguns momentos, viajei um pouco, morei curtos períodos de tempo fora do Paraná, mas ai de mim, “sair de Curitiba” [há um brilho irônico em seus olhos].

Lúcia

E o que você diz sobre os comentários que o apontam como arredio, polêmico e difícil?

- Parafraseando o Vampiro de Curitiba, “não me acho pessoa difícil, tanto assim que esbarro diariamente comigo mesmo em todas as esquinas de Curitiba”. O que existe é um ruído, pois tenho o costume de discutir assuntos de interesse público no campo da cultura, e muita gente que adoraria silenciar estes debates públicos, pois na província, o que se fala é sempre de ordem pessoal, com temas privados e falsos moralistas, no geral inventados sobre a vida alheia de pessoas públicas.

Lúcia

- Há muita gente que está convencida de que você é o Nelsinho, da obra “O Vampiro de Curitiba”, do Dalton Trevisan. 

- Respondo você com as palavras que não são minhas, mas do autor de Vampiro de Curitiba, Dalton Trevisan: Um anti-herói “literário é a soma de não sei quantas pessoas” – como explica Dalton – “No fundo de cada personagem há um pouco de mim”. Curitiba é um Candinho de povos, gangues, etnias, que se completam e são parte uns dos outros. A diferença é que uns poucos têm coragem de se manifestar publicamente, emitindo opiniões francas e embasadas. Talvez por isso me demonizem, pois não sou covarde e não falo nada a boca miúda, se existe algo por resolver falo logo em público e se necessário no MP, na justiça, pois não tenho nada por esconder. Os outros é que são Vampiros, que vivem nas sombras, nos acordos, conchavos e fofocas. Todo Curitibano é um pouco “Vampiro” da obra de Dalton. Eu estou mais para Van Helsing! Que trás pra luz e empala!  

Lúcia 

Você se compara a Dalton Trevisan? Um Vampiro de Curitiba?

- Jamais, Dalton é um gênio, tem um prêmio Camões nas costas. E Vampiro? Não! Talvez caçador de almas penadas, explorando o medo dos vampiros que apodrecem essa cidade. Quem sabe um espião da cultura, dos guetos musicais, das salas de reuniões fechadas, das políticas culturais, dos bastidores da mídia e da política. Espiono as paixões que movem os corações e motivações privadas que interferem em atos públicos. “Um escorpião de bote armado”, eis o contista, diria Dalton, eu digo eis o cronista, o comentarista, até mesmo o youtuber. Quem tem opinião, tem o ensaio do golpe, no por vir, antecede os movimentos, as leituras, e sabe a hora de picar!

Lúcia

Mas afinal, os Vampiros existem ou não existem?

- Nada é inventado, tem vampiro para tudo quanto é lado.

Lúcia

E onde você vai buscar os temas para os seus escritos, pesquisas e artigos?

- Em notícias políticas, na agenda cultural, em postagens de redes sociais, termos de uso de plataformas, pequenos anúncios efêmeros de eventos de nichos virtuais, em vídeos suicidas de instagram ou Tik Tok, o meu e o teu fantasma guardados em arquivos de celular, confidências de amigos feitas em áudios no WhatsApp, a leitura dos clássicos etc. “O que não me contam, eu escuto atrás das portas” disse o Vampiro. “O que não sei, eu adivinho - e, com sorte, você advinha sempre o que, cedo ou tarde, acaba acontecendo” (Dalton). Foi assim que cheguei antes em tantos casos públicos, que ninguém tinha notado que existia, até que eu tenha revelado. Fiquei com a fama de chegar antes. Mentira, tudo sempre está lá, é só olhar. Eu não inventei a bagunça, quando cheguei já estava assim, apenas decidi discutir publicamente sobre essas coisas.

Lúcia

Você prefere escrever de manhã, de tarde ou de noite?

- Escreveria sem parar. Já escrevi em média 16 horas por dia. Devo ter milhares de páginas inéditas. Infelizmente minha coluna vertebral não me acompanha mais. Agora a hora mais propícia é aquela em que a vontade de escrever supera as dores da escrita.

Lúcia

E quanto tempo você leva para produzir um artigo?

- Para entregar 15 páginas com referências, te entrego um artigo em forma de dossiê investigativo para amanhã de manhã. Mas para escrever o menor dos artigos, a vida inteira é pouco. Nunca termino uma história. Nunca releio o que escrevo, mas busco a escrita de temas por semelhanças que se completam. Cada artigo é continuidade dos outros. E segundo os críticos, é tudo bobagem, loucura, ficção, que ninguém lê, e ainda completam dizendo, não perca tempo... As tentativas de cancelamento e censuras diárias são a minha glória.

Lúcia

Você se considera um escritor participante, ativo na comunidade e nas causas paranaenses?

- Em Curitiba, o homem é a lenda, ou a legenda? Se eu escrevo histórias inspiradas nos vampiros reais, quem é mais participante, que corre mais risco do que eu? Só se for você que está me entrevistando.

Lúcia

E você pretende manter-se irredutivelmente fiel às pesquisas?

- Há o preconceito de que depois de cada pesquisa vem outra, depois dissertações, teses, e afinal, o abandono de tudo, a aposentadoria do gabinete. E no lugar surge um velho barbudo, eremita, quem sabe um oráculo ou filósofo, ou mera decadência, aposentadorias compulsórias. Meu caminho será direto ao eremitério, mas não me procurem, pois não estou aqui para servir, nem para contar-lhes nada que ajude em projetos, em marketing, ou inspire batalhas pessoais com literatura de auto-ajuda. Quem me procura quer antes de tudo mais sofrimento, para se embebedar da certeza da falha da humanidade enquanto espécie. Não me procure com sorrisos e essa positividade tóxica, verbinha de edital de arte, rabo de cavalo tipo coque, e música bonitinha para inspirar a vida. Quem quer isso que vá procurar algum festival de música independente, que promete sucesso na carreira para idiotas.

Lúcia

E você se considera realizado?

- O escritor realista nunca se acha realizado, veja Dalton, por exemplo, segundo ele: “a obra é sempre inferior ao sonho. Ao fazer as contas, ele percebe que negou o sonho, traiu a obra e perdeu a vida por nada”. Aliás, quem me disse para eu escrever sobre a música e cultura paranaense me convenceu de um erro. Prestes Filho (herdeiro do grande comunista), meu amigo, me disse certa vez que “A Desconstrução da Música na Cultura Paranaense”, poderia ser um clássico, uma obra completa sobre a música, com aspectos históricos, sociológicos, econômicos, de formação e educação musical, como raras obras no mundo, em trabalhos de musicologia, mas que seria bestseller, famoso mundialmente pelo esforço em produzir uma obra dessa qualidade, não fosse um único detalhe: ter escolhido falar sobre música paranaense, algo que segundo ele, ninguém se importa. E Prestes ainda me alfinetou, dizendo: Que pena, é uma grande obra, que não será lida. E me perguntou: Todo este esforço, porque não escolheu falar de algo que fosse de interesse geral?
Sim, me considero realizado em partes, pois desde o começo do século tenho escrito dezenas de livros, quase prontos ou pela metade, que podem, quem sabe um dia, gerar mais interesse em leitores, pois não são livros sobre a música paranaense. Prestes tinha razão. Ninguém está nem aí para música paranaense, nem as bandas.

Lúcia

E como, então, você justifica o fato de escrever?

- Escrevo para mudar a vida, ou dar sentido, já fiz pensando em melhorar o mundo ou salvar minha alma, mas isso tudo é besteira. Vou exemplificar falando de cinema. Depois de “A noite dos Desesperados” (1969), “Vá e Veja” (1985), “Germinal” (1993), “Matrix” (1999), “Clube da Luta” (1999) “Réquiem para um Sonho” (2000), “Para Sempre Lilya” (2002), “A Estrada” (2009), “Melancolia” (2011) e “Não Olhe Para Cima” (2021), percebi que o mundo não tem salvação. Dalton, ao parafrasear Van Gogh, disse, que “um papel coberto de palavras vale mais que um papel em branco - é toda a minha desculpa de escrever”. E eu completo, e por que não? Vale-me mais que uma seção de analise. Aquilo que publico nas redes sociais deixa todos perturbados e sem dormir. Eu posso garantir, depois de dito, o que revelei, eu durmo que nem uma criança confortada pelo colo da avó, após aquela macarronada de domingo. 

Lúcia

Mas pelo menos você admite que atingiu seu ideal?

- Quando adolescente, meu ideal era correr os 100 metros em 10 segundos. Depois Punk, queria quebrar vidraças. Jovem de topete, sonhei ser o rei da balada, o galã amado pelas periguetes no AfterHours do Legends, chegando em casa só depois da hora do almoço. Nem atleta, nem Punk, nem cluber de tênis e paletó com camisa da Será o Benedito, muito menos um acadêmico, meu lugar é entre os últimos dos pesquisadores e escritores menores – [Manoel afirma com à sombra de um sorriso nos lábios].
Lúcia
Quais os autores de sua preferência, seus livros de cabeceira?
- Os apócrifos bíblicos, textos budistas, o I Ching, clássicos gregos Platão, Pitagoras e Aristoteles, e claro, a lista segue, com Sun Tzu, Maquiavel, Miguel de Cervantes, Rebelais, Voltaire, Hobes, Rosseau, Hegel, Bacon, Peirce, Bakhtin, Wittgenstein, Marx, Nietzsche, Freud, Rosa Luxemburgo, Tesla, Nash, Einstein, Kafka, Camus, Brecht, Walter Benjamin, Althusser, Adorno, Baudriliard, Lacan, Deleuze, Chomsky, Agamben, Bourdieu, Jaques Atali, Tinhorão, Cesar Bolaño, Picketty, Márcia Tosta Dias, Luiz Carlos Prestes Filho... [E após breve pausa, acrescenta]: Sem esquecer Guimarães Rosa, Raymundo Faoro, Caio Prado Junior, Roberto DaMatta e Celso Furtado. Não vou falar de literatura nem teatro, muitos egos.

Lúcia

E com respeito à sua própria obra, qual o artigo que mais lhe agrada?

- Meu melhor texto é o que vou escrever amanhã. Mas é indiscutível que os artigos críticos sobre Guerra Híbrida, economia política da música, ECAD, OMB, Lei Rouanet, Lei Aldir Blanc, entre outros foram influentes.
Lúcia
Para terminar: dê um conselho aos principiantes.
- Como posso dar conselhos? Eu não sei nada sobre ser escritor. A maioria do que escrevi sequer for publicado. Eu sou apenas um pesquisador. Mas já que você insiste, aos novos eu diria: Não sejam medíocres, nem fiquem pendurados em leis de incentivo à cultura, não mintam, não copiem, sejam autênticos.
[E nada mais disse, nem lhe foi perguntado].

XXX

*Perguntas e respostas acima são uma paródia, com base em entrevista concedida por Dalton Trevisan, para Araken Távora, na revista Panorama, de Curitiba, em julho de 1968 e republicada no jornal Nicolau, também de Curitiba, nº 33, de julho de 1990, de onde foi extraída a ideia.
A entrevista verdadeira é a que segue abaixo.


Entrevista com Manoel J de Souza Neto (agora é sério).

Lúcia

1) Quais são suas lembranças mais antigas com a música e como surgiu seu interesse pela música curitibana?

Meu interesse pela música surgiu primeiro pela TV, mas também por coleções de discos de familiares e as mixtapes que meu irmão mais velho fazia. Acredito que o impacto do inicio da era do videoclipe nos anos 80 foram fundamentais para mim e para minha formação de gosto musical, pois diferente de alguns musicólogos que se importam com notação, estruturas, composição, partitura e obras comparadas, me interesso mais sobre sociologia, cultura, comportamento, moda, agrupamentos sociais, estética mixada do som e da imagem, entre outras relações estabelecidas pelos meios de produção musical e de audiovisual que impactam em nosso tempo.
 
Lembro-me perfeitamente de como filmes tratando de música, crítica, rebeldia, gangues, tribos urbanas, foram influentes na minha formação cultural, assim como trilhas sonoras de desenhos e filmes clássicos, mas também cinema independente, além é claro de muito material underground.

Já a relação com a música local, surgiu como curiosidade sobre a própria cidade de Curitiba, devido a termos morado fora, e depois no retorno, percebia uma desconexão entre a minha família e o que chamavam de “sociedade curitibana”. Depois percebi também muitas contradições entre o que falavam ser a tal da “sociedade curitibana” e a “cultura curitibana”, ou ainda as culturas apagadas, reprimidas e periféricas, um fenômeno que me chamou atenção desde adolescente. 

Minha avó, Cecy Xavier do Carmo, era pesquisadora relacionada a Roselys Roderjan, Dario Veloso, bem como alguns primos também seguiram a mesma verve, destacando Adalice Araujo. Meu avô por parte de pai, Manoel, também escrevia sobre a cultura local, em um conjunto de centenas de contos inéditos que me influenciaram. 

Sugestionado por essa cultura familiar de pesquisadores, aos 15 anos comecei a circular, pesquisar, recolher objetos (cartazes, flyers, demotapes, fanzines, entre outros) relacionados à música local. Aos 21 anos de idade já dava entrevistas na mídia, onde minha coleção e conhecimento já se destacavam. Quando eu tinha uns 24 anos saiu na imprensa regional a seguinte chamada “Produtor tem museu do gênero”, se referindo a minha coleção sobre a música paranaense.

Mas também posso destacar as amizades, a vida cultural em espaços alternativos, os poetas marginais, músicos, jornalistas, todos me ajudaram nesse interesse com a música local, underground. Entre os 15 anos de idade e até uns 30 e tantos anos, eu vivi como um expedicionário, dentro da própria cidade, como o Urbenauta. Mas as minhas viagens eram até os clubes, bailes, festas populares, espaços nos bairros, estúdios de ensaio, emissoras de rádio, casas de shows, botecos, e onde pudesse estar ocorrendo alguma atividade social e cultural. Entre a produção, divulgação e pesquisa da música local, acabei rumando naturalmente para o caminho que percorro desde novo, o registro dessas expressões e manifestações culturais, bem como a produção de reflexões sobre estes temas. 

Lúcia

2) Como apareceu a ideia de criar o "Musin" - Museu do Som Independente (Fonoteca da Música Paranaense) - e por quê?

Atualmente chamamos o Musin – Museu do Som Independente também de Fonoteca da Música Paranaense. A primeira estuda a música independente, e a segunda arquiva a música paranaense. 

Tudo se relaciona com essa curiosidade, quase mórbida, que tenho com a cultura local. Ainda adolescente iniciei meu envolvimento com a produção cultural, em shows, programas de rádio, fanzines, livros, discos, filmes, entre outras coisas que trabalhei ao longo da vida, experiências que me abriram a mente para a importância da educação musical, da cultura, da formação de plateia, bem como dos direitos culturais, diversidade cultural e políticas públicas de cultura. Antes dos 30 anos já havia produzido ou cooperado em mais de 1.000 eventos culturais.

(Produções da Mais Records, Mais Zine, Programa Garage 96 da rádio rock e outras que tiveram envolvimento do produtor nos anos 90.)

A cultura requer entendimento, capital simbólico e acesso documental. E sem acervos e pesquisas, tudo isso fica bem difícil. Pesquisas de satisfação do consumidor ou enquetes abertas por gestores da cultura para medir resultados não podem ser levadas á sério, quando se trata de políticas públicas. Os efeitos, as contradições, os incluídos ou excluídos em uma política, demandam pesquisas. Na história a mesma coisa, pois sem documentos, análises, não passam de ficções inventadas pelos agrupamentos no poder. Note por exemplo aquela bobajada lançada pela FCC, como livros de história, da cidade e dos bairros.

O próprio jornalismo cultural, a fruição, divulgação da cena local, demandavam a preservação da memória. Constatei com diversas entrevistas interessantes que realizei, a existência de histórias muito boas, mas desconhecidas do público. 

(Grupo de pesquisa selecionado materiais no museu)

A história, sociologia, musicologia entre outras, demandam acervos, referências bibliográficas. Da mesma forma as analises sociológicas, antropológicas, da expressão cultural de grupos na cidade, estavam demandando temas relacionados à música. Mas constatei a ausência de coleções para pesquisar. Fui no MIS (Museu da Imagem e do Som do Paraná) no meio dos anos 90 e não tinha praticamente nada relacionado música paranaense. A cultura local demandava a existência de um centro de documentação e pesquisa em música paranaense.

(Mais de 400 mil documentos sobre a música paranaense ocupam um espaço minúsculo no centro de Curitiba, na folclórica Galeria Tijucas. Foto: Rodrigo Juste Duarte)

Disso, para a constatação de que o acervo que eu estava montando deveria virar um museu, só precisava de um empurrão. As primeiras ideias no sentido de formalizar o acervo, surgiram nos anos 90, com dicas de amigos, que começaram a sugerir que eu fizesse livros, um museu, exposições com este acervo, figuras como Orlando Bertoldi, Sandra e Miau Carraro, Arthur Di Braschi, Edson de Vulcanis, Marcos Prado, Helinho Pimentel, Sérgio Apter, China Meneghetti, Paulo Hilário, Vitório (Metralhas), Adriane Perin, Abonico Smith, JD Silva, Digão Duarte, Orlando Azevedo, Tita Blister, Carlão Gaertner, Dino Almeida e tantos outros viviam dizendo que eu deveria fazer algo com essas coleções.

Já em 2003 com pesquisadores acadêmicos e jornalistas, como Betty Prosser, Marilia Giller, Digão Duarte e outros, fundamos o Musin – Museu do Som Independente, com argumento da ausência de um centro de pesquisa e documentação de música paranaense nas universidades e órgãos públicos. A intenção era unificar acervos do erudito e do popular, o que não aconteceu entre pesquisadores. No fundo, o que ocorreu foi a ampliação do acervo próprio do Musin

Logo em seguida, em 2004, lançamos o livro “A Desconstrução da Música na Cultura Paranaense”, com 80 artigos em 707 páginas, com amplo panorama da música do estado. Passamos após o livro, a atender uma média de uma pesquisa acadêmica por mês, além de centenas de reportagens jornalísticas sobre a música local.  

(Livro “A Desconstrução da Música na Cultura Paranaense”)

A demanda para criar o museu pareceu natural, se concretizando com o reconhecimento do IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus em 2010. Já em 2011 chegamos a esboçar com amigos, pesquisadores e familiares a criação de uma fundação, congregando vários acervos, tendo como liderança a pesquisadora Adalice Araujo. Infelizmente a prima Adalice faleceu tempos depois e o projeto ficou no papel.

Minha atuação como Conselheiro Nacional de Cultura também prejudicou o avanço do museu, no sentido de institucionalização, pois gestores viram isso como uma forma de me atingir, e de tentar controlar minha atuação íntegra e rigorosa em conselhos, como agente fiscalizador das políticas públicas de cultura, prejudicando o museu, como uma forma de tentar me silenciar. 

Apesar disso, o museu desde a sua fundação, cresceu de 40 mil, para 400 mil documentos, e por outro lado, conseguimos cooperar com mais de 200 trabalhos científicos no mesmo período. O trabalho intelectual independe do universo artístico e vai além do que órgãos de cultura possam controlar. O museu apesar de tudo existe!

Lúcia

3) Você é um dos diretores do "Musin", quais são as dificuldades encontradas para manter uma iniciativa como essa?

Se eu soubesse o que é fundar um museu, quando iniciei essa jornada, talvez não tivesse feito. Ainda assim não me arrependo. Mas não é à toa que a memória no Brasil não seja respeitada e esteja em frangalhos. Olhem não apenas o Museu Nacional e a Cinemateca Nacional, mas a ampla maioria dos museus brasileiros estão abandonados. Não existe Ministério da Cultura, o que existe é queima de arquivo. 

Fundar um museu é como declarar guerra contra uma nação inimiga, mas que no fundo é sua própria nação, ou seja, uma guerra civil. Toda declaração e afirmativa de cultura entra em conflito com outras culturas, grupos sociais, credos, religiões e identidades. A resistência à valorização da cultura dos outros vai além de mera autofagia, disputa de território, na teoria de Pierre Bourdieu, campus e habitus, se convertendo em violência simbólica, de grupos centrais do campo contra os demais. Um museu está neste contexto de conflitos, afirmativas e apagamentos culturais, como ato de guerra, disputa por poder, hegemonia e narrativa social e histórica. 

(Fonoteca da Música Paranaense – Musin Museu do Som Independente, citado no Guia Oficial do Governo Brasileiro: reconhecimento nacional que órgãos locais se recusam em dar o braço a torcer)

Outra questão que não facilita a criação de museu é a diferença entre acervos oficiais, públicos, e acervos independentes. Existe um corporativismo de segmentos da memória dentro do setor público, dificultando a atuação da sociedade na preservação de acervos. Museólogos são, como retrata Bourdieu ao falar de intelectuais do Estado, legítimos agentes do sistema. O comando que determina o que é ou não é memória, se dá por via política, aos quais alguns agentes simplesmente cumprem ordens, enquanto outros (uns poucos idealistas) tentam subverter, achar brechas para que a cultura em geral tenha espaço nos espaços públicos, e não apenas aquilo que o poder estabelecido determina.

Diversos fatores relacionados ao poder público são complicadores da efetivação de museus. O financiamento público é outra questão bem complicada, pois o Estado é viciado em premiar panelinhas, projetos artísticos e/ou de eventos efêmeros (política de eventos), por isso faltam recursos. Também falta a oferta de capacitação, equipamentos, softwares, por parte do Estado, que deveriam ser disponibilizados para museus, bibliotecas, centros de documentação externos ao Estado, mas não são, o que descumpre o Plano Nacional de Cultura. 

Os humores políticos, partidários e pessoalidades de gestores públicos acabam sendo determinantes, pois é natural no Brasil a prevaricação, patrimonialismo, em que o funcionalismo público, especialmente os cargos comissionados, agem como se o espaço público fosse negócio privado.

Estranhamente, uma das questões que mais considero como desestímulo à criação de um museu é a baixa cooperação da cena musical local. Os artistas não se preocupam em abrir seus documentos de carreira para um museu, como o fazem para qualquer jornalista em matérias muitas vezes irrelevantes. A memória é colocada em último plano. 

Um museu consome vidas, pois é muito tempo e investimento na busca de material, organização, preservação e indexação. Existe, no entanto, pouco interesse do público, sobre o tema. Nem a cena musical curte redes sociais, blogs ou grupos, em que postagens muito bacanas em listas especializadas não têm impacto algum de público. Então falta interesse, apesar da importância da iniciativa.

Isso fora o fato de que a cultura popular e underground locais ferem de morte a propaganda da cultura “oficial” de Curitiba. Por isso, gestores, aspones, e outros ineptos do campo da gestão pública de cultura não apenas não cooperam, como perseguem a efetivação do museu, bem como de outras coleções. Tudo para garantir a propaganda de cidade modelo e as fantasias que contam para sustentar o discurso oficial.

Casos por exemplo do IBRAM, COSEM e SECC, são emblemáticos. O museu existe, está ativo, consta de livros oficiais e cadastros federais, mas foram retirados sem aviso, sem o devido processo administrativo e por motivo político, de dentro do sistema estadual de museus. 

No caso da FCC, na gestão do secretário Marcos Cordiolli, os museus independentes e comunitários foram inclusos nas políticas, mas nada se consolidou, e com a entrada do Greca para a Prefeitura, sequer somos recebidos.

Existe um tom político de pessoalidade por parte do poder público, por eu ser resistente, resiliente, oposição ao mito de cidade modelo e ao falecido prefeito perfeito, do contra, punk, daltoniano e comunista! Eles imaginam que me prejudicam com isso. Ledo engano, minha vida segue. Eles prejudicam sim é a memória da música paranaense, portanto prejudicam toda a cena musical ao tentar atingir o Conselheiro de Cultura, mirando no pesquisador, que está no museu, mas o que realmente atingem é a memória da música, a divulgação da cena, enfim, os músicos são os verdadeiros prejudicados.

Mas o pior mesmo é quando vamos até as redes sociais para solicitar apoio ao museu. Sentimo-nos envergonhados, pois quase toda a cena não colabora. Uns poucos amigos entusiastas da cena ajudam o museu historicamente. Só que notamos um efeito colateral: ao pedirmos apoio, há o surgimento de oportunistas. Aparecem sanguessugas, pessoas que vêm oferecer apoio, fazem perguntas sobre os projetos do museu, lançam nossas ideias sem autorização em projetos para editais, criam canais em redes sociais, projetos ligados à música local com base em nossas propostas, e ainda tentam roubar o acervo. Literalmente roubar! Aparecem e dizem que se não podemos cuidar do museu, que eles levam para casa deles e que “vão cuidar direitinho da coleção”. Quanto mais oramos, mais assombração aparece. Tive inclusive que publicar notas dizendo que se alguém pedir material, acervo ou dinheiro em nosso nome, que é golpe. Foi assim, até que decidimos que talvez o caminho seja outro, inclusive talvez, retirar o acervo da cidade. Temos convites para fora de Curitiba, fora do Paraná e até fora do Brasil. Estamos estudando essas hipóteses. 


Lúcia

4) Nós temos conversado ultimamente sobre pesquisas na música independente curitibana, como você vê os caminhos nessa área ultimamente?

As pesquisas em música paranaense, ao menos no meio universitário, essa sim vão muito bem! Acredito que a internet proporcionou amplo aumento de pesquisas, por diversos motivos, como a visibilidade de maior número de artistas, maior acesso ao material por meio virtual, maior alcance global da cena, ainda que isso ocorra mais nos nichos e segmentos musicais. A música paranaense está conectada ao mundo. 

(Livros, monografias, filmes, documentários, artigos, entre outros, são realizados em parceria com o acervo desde o final do século XX, tudo de forma independente e sem lei de incentivo ou edital, no esquema Punk “Faça você mesmo”).

Por outro lado, temos sido demandados para uma infinidade de projetos já realizados, entre livros, filmes, monografias, teses, além de artigos de imprensa, especiais de rádio, etc. Já passam dos 200 trabalhos científicos, fora milhares de trabalhos em sala de aula pelas escolas e universidades paranaense, afinal o livro tem sido indicado nas referências bibliográficas na área de educação, como já foi indicado em vestibulares e também em disciplinas de diversos cursos superiores. Além disso, ainda saíram centenas de matérias na imprensa tratando da cena musical paranaense. O museu tem causado excelente impacto direto na população, mesmo sem ter apoio algum do poder público.

Exemplos disso foram parcerias ou orientações em pesquisas como do grupo de estudos Waltel Branco, que rendeu mestrados de Tiago TP (UEPG) e Francisco Okabe (UFPR), estudos como de um museu virtual realizado pelos estudantes da Universidade OPET coordenados pelo Professor Docca Soares, entre uma infinidade de pesquisas com temas dos mais variados, que foram realizadas por alunos e pesquisadores da FAP, EMBAP, UFPR dentre muitas outras instituições, inclusive no exterior.

(Bastidores da gravação do documentário “Uma Fina Camada de Gelo”, com direção de Vinicius “Tchê” Ferreira e roteiro e Pesquisa de Manoel J de Souza Neto)

No entanto, manter o ordenamento técnico, orientações, bem como cobranças de ética e honestidade intelectual em pesquisas, segue sendo um desafio, pois muitos alunos chegam sem preparo, outros desconhecem leis, normas da ABNT, legislação de direitos autorais. Acabamos tendo de orientar não apenas sobre referências bibliográficas e material teórico, mas também sobre registro de obras, citações, e acabamos tendo que desenvolver uma carta com normas de uso do acervo, aos quais os pesquisadores precisam se comprometer na hora em que fazemos a seleção de pesquisas que iremos abraçar ou não. 

Já ocorreram casos em que alunos fizeram estudos, usaram infinidades de arquivos, cartazes, capas de discos e outros materiais, e sequer deram créditos da origem, ou agradecimentos. Isso acabou por disparar um sinal de alerta. Mas são raros casos de plágios, créditos mal feitos ou ignorados.

Às vezes acontecem casos isolados, em que nossas pesquisas foram citadas, mas não creditadas. Por exemplo, um catálogo sobre o Circus Bar em que o aluno apresentou, como se ele tivesse localizado sozinho os acervos. Tem casos já resolvidos, como o do livro “Uma Fina Camada de Gelo”, de Eduardo Mercer, em que por erro de edição, várias partes inteiras de capítulos do livro “A Desconstrução da Música na Cultura Paranaense” foram utilizados, mas não creditados. Na segunda edição de “Uma Fina Camada de Gelo, na página 520”, foram creditadas as páginas através de uma errata. 

(termo de conciliação amistoso entre editoras, com garantias de créditos de direitos autorais)

Este caso é bem importante, pois quando algum pesquisador estiver citando “Uma Fina Camada de Gelo”, vai precisar comparar para verificar se o trecho em que está citando, não é originalmente do livro “A Desconstrução da Música na Cultura Paranaense”. 

Mas os créditos foram citados e o caso nos ensinou uma lição de que devemos dar maior orientação aos pesquisadores sobre as normas, pois são relacionados às leis e tratados internacionais.

Mas existem aqueles casos em que o autor tomou conhecimento do erro, mas não resolveu. Por exemplo, “Auto Produção Musical” de Téo Ruiz (Ed. Iluminuras, 2016), em que no primeiro capítulo os dados da música brasileira, bem como parte dos argumentos, foram extraídos de um relatório de minha autoria, mas creditados como relatórios do Colegiado Setorial de Música e Fórum Nacional de Música, quando não são do grupo, pois têm um único autor, que sou eu. E pela ABNT e pela Lei dos Direitos Autorais 9610/98, precisam ser corretamente creditados. Já notificamos o autor várias vezes para o dialogo, mas ele ainda não nos respondeu. Estamos no aguardo! 

Infelizmente, a maioria do material pesquisado por alunos e professores com quem colaboramos ainda hoje está inédito, por falta de apoio para publicações. Existem 7 livros inéditos equivalentes ao primeiro livro “A Desconstrução da Música na Cultura Paranaense” que estão escritos há anos. Temos também um catálogo geral dos discos do Paraná que está pesquisado e bem adiantado, mas inédito, como inúmeros outros, todos sem publicar. 

O poder público não abre porta para se resolver essas questões, que não são projetos unitários de arte, mas amplos, retratando toda a cultura musical do estado. Quando dão respostas informais, apenas falam, “entre na fila da lei de incentivo à cultura”. Como se projetos dessa magnitude fossem compatíveis com os mesmos valores que eles ofertam para algum projeto de show ou produção de CD. Não existe diálogo e nem interesse por parte do poder público. Somente técnicos bem intencionados falam conosco em todos estes anos, mas nos bastidores, nada oficial, até por revelarem medo de represarias se nos ajudarem. 

(Catálogo da discografia musical paranaense, com milhares de títulos, pesquisada e produzida no museu, até hoje inédita por falta de patrocínios)

O engraçado é que nossas pesquisas já ganharam vida própria, e passaram a ser citadas em estudos em outros Estados e até no exterior. A visibilidade para a música paranaense, antes desconhecida e pouco estudada, passou nos últimos 20 anos a ser uma das cenas musicais regionais mais estudadas do Brasil. Enquanto isso, por aqui, este avanço não tem visibilidade na própria cena por falta de apoio do poder público, tanto que se perguntarem, boa parte dos músicos vai responder que desconhece a existência de um museu que trata da vida deles. Hoje, o acervo é, no sentido de coleção voltada à música local, provavelmente a maior do Brasil. Mas no Paraná não somos valorizados. E todos sabem os motivos políticos que originam essa omissão do poder público.

Lúcia

5) Você tem acompanhado a música independente curitibana no momento atual? Tem notado algo diferente em relação ao "modus operandi" dos anos 90?

A cena local? Que cena? A cena musical, ou cultural de um povo, em cidades orgânicas ou em sociedades quentes, tem laços sociais, tradições, relações, ritos, tudo o que Curitiba deixou de ter há décadas! 

Em Curitiba, existiu uma cena, por um curto espaço de tempo nos anos 90. Mas o termo “cena” é um conceito que expressa unidade de movimentos culturais em um território especifico. Um circuito integrado entre artistas, público, imprensa, mídia independente, programas de rádio, zines, estúdios de ensaio e gravação, produtoras, selos, entre outros. Carregam além de sons, estéticas, ritos, práticas e ideologias.

Com a internet, as redes sociais, plataformas de streaming, os nichos nacionais globais foram valorizados. Os bots, algoritimos e psychographics, cada vez mais afastam os diferentes agrupamentos musicais e públicos, em micro nichos, cada vez mais segmentados.

Aquilo que era chamado de cena se fragmentou, e em nível local. Com a desterritorialização da cena, agora virtual, restam mercados de nichos em seu lugar, mas as cenas locais, são forçadas a se tornar pontos de redistribuição de produtos musicais, de forma desproporcional entre centros e periferias, como era no tempo do jabá na era da música analógica. Mas naquela época (analógica), a cena local poderia coexistir, sendo espaço alternativo ao sistema (mercado global comandado por majors). Na atual fase, os artistas produzem quase que descolados uns dos outros, não se apresentam com demais bandas de outros segmentos nas suas cidades e são exibidos em plataformas globais. Fenômeno que o amigo Leonardo De Marchi chama de plataformização da economia da cultura. 

As cenas locais se dividiram em micros cenários unidos, mas totalmente enfraquecidos em termos locais, ainda que com maior dinâmica de trocas em níveis nacionais e internacionais. Porém, o preço disso é a redução de diversidade estética e de mobilidade na criação das cenas, resultando em mais do mesmo dentro dos segmentos, que se auto copiam, repetindo fórmulas musicais. Além disso, o mais óbvio e percebido por todos, é a redução do público em shows, cada vez mais fracionado.

Já em Curitiba, soma este fenômeno do fracionamento de cena em “cenas”, com o do fechamento da cidade para a música, através de proibições da arte de rua, controle excessivo dos alvarás de espaços para a música ao vivo, concentração de premiações de editais públicos sempre nos mesmos nomes, e outras questões que venho explicando em artigos teóricos e denúncias de imprensa e de justiça, já faz alguns anos. Curitiba é especialmente um lugar horrível para a música local, e muito disso é culpa da imprensa, elites e políticos esnobes, burros e preconceituosos.

O resultado todos veem através da falta de cooperação entre músicos, enquanto bandas autorais se apresentam de graça, e os covers aceitam cachês de 100 reais por músico. A autofagia, dedo no olho, chute na canela, entre músicos se tornou corriqueira, pois são competidores por espaços desiguais em um mercado banalizado e precarizado. 

A tal da piada do Caranguejo Curitibano é famosa por aqui. Me perguntam porque tendo um museu com 400 mil documentos da música paranaense, não fico nas redes sociais divulgando lançamentos de discos da cena? Simples, pois nem as próprias bandas e artistas curtem, quanto mais compartilham e divulgam uns aos outros, nem mesmo compartilham o que postaram sobre eles. Tem um grupo que divulga, e vejo que ninguém compartilha. Vários artistas sequer agradecem, não divulgam o trabalho dos outros, e o dono da lista tem que curtir a própria postagem para não ficar vazio. É um vexame!

Uma hora você entende o motivo da música paranaense ser essa eterna desconhecida do público. Pois não existe sonho que se sonhe só, pois vira pesadelo. E não existe algo que cresça sem força coletiva. A cena optou, por ela mesma, em não ajudarem uns aos outros, e nem mesmo quem lhes dedica a vida como divulgadores. Assim, ficamos todos conformados de que a música local não foi pra frente, e se depender da própria cena, não vai avançar mesmo. O que rolou nos anos 90 foi demais, a cena tinha reconhecimento nacional da crítica e das demais cenas, mas ficou lá no passado. 

Sobre a piada do caranguejo, não é fácil achar, mas o cara que se diz músico no Paraná e não conhece essa piada, deve ser de outra panela.

Lúcia

6) Manoel, fique à vontade para fazer suas últimas considerações, contatos, redes sociais e o que mais achar necessário.

Lúcia, vou repetir a fórmula pronta que Dalton Trevisan usou por boa parte da vida: "Não tenho nada a dizer fora de meus livros". Não faço questão de me comunicar com a maioria da imprensa local. Confio e gosto do trabalho de meia dúzia de jornalistas e comentaristas de Curitiba, e você é uma dessas pessoas. É uma satisfação conversar contigo, pois existe liberdade para se dizer o que realmente é, sem as máscaras e hipocrisia que a grande mídia, panelinhas ou poder público exigem. Conte comigo e com o museu para tudo o que precisarem. Abraços aos leitores do Lado A Discos.

Quem quiser acompanhar nosso trabalho, é só procurar pelo Musin, Fonoteca da Música Paranaense, ou pelo Observatório da Cultura do Brasil nas redes sociais. 

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