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Lado A Discos Premium entrevista Mara Fontoura

A cantora, compositora e arranjadora Mara Fontoura

1) Como surgiu o Grupo Nimphas? 
O grupo Nymphas surgiu em 1978. Éramos meninas entre 13 e 19 anos e fazíamos parte de uma equipe de gincana. Nesta época eram comuns as gincanas interclubes ou escolares. Pra ajudar a equipe a angariar fundos, nos reunimos com o nome de “As Nymphas” e fizemos uma temporada de três dias no TUC (Teatro Universitário de Curitiba). Os ingressos acabaram em poucos dias (só a equipe já lotava o teatro, mais amigos, parentes...), tivemos que fazer duas sessões por dia e todas lotadíssimas. As pessoas gostaram muito e diante do sucesso, a FCC (Fundação Cultural de Curitiba) nos convidou pra outros shows, a imprensa comentou e de repente já estávamos na televisão, viajando, etc.  Isso aconteceu há 40 anos e continuamos juntas cantando, convivendo, inventando arte juntas. O grupo Nymphas é um dos trabalhos que tenho um carinho especial!

2) Você começou na música como cantora, compositora ou instrumentista? 
Comecei compondo, tocando e cantando, mas na verdade nunca toquei muito bem, embora tenha estudado 8 anos de violão clássico, 5 anos de piano, 3 anos de harmônica de boca. Gostava de tocar pra compor ou por folia em festas, na praia... Nunca tive intenção de ser instrumentista. Gostava mesmo de compor, fazer arranjos e cantar. 

3) E a produtora Gramofone, como surgiu? 
Eu entrei num estúdio de gravação pela primeira vez aos 13 anos (no SIR Laboratório - fundado em 1977, tendo funcionado até mais ou menos 2002, era considerado o "Abbey Road" curitibano) e soube de cara que aquilo seria pra toda a vida. Profissionalmente comecei aos 15 anos a gravar e criar jingles, logo comecei a produzir discos e nunca mais parei. Eu trabalhei durante 11 anos na Audisom (Audisom Ltda - Discos Wox, outro estúdio lendário em Curitiba que ficava no bairro do Cabral, também não existe mais) até ser convidada para entrar na Gramofone, onde fui sócia durante quase 30 anos. Produzi mais de 400 projetos, elaborando, captando recursos, coordenando, dando suporte do início ao fim para trabalhos de muitos artistas e também realizando meus projetos pessoais (embora pra esses não sobrasse muito tempo). Por razões diversas em 2017 resolvi dar outro rumo para a minha vida. Saí da Gramofone, montei juntamente com a cantora e compositora Rosy Greca e mais uma amiga da área de marketing, a Cristiane Silva Pinto, a Cântaro (Cântaro Arte Educação e Cultura), esta produtora mais voltada para a educação, projetos para a infância, pesquisa e outras áreas que atuo. Praticamente parei de atender terceiros pra dedicar mais tempo para os meus projetos pessoais. Foi uma das decisões mais acertadas da minha vida. Acredito que depois de mais de 30 anos me dedicando ao trabalho dos outros artistas, mereço dar um pouco de atenção ao meu trabalho.

4) Você também é professora de música, fale um pouco sobre sua formação acadêmica e sua experiência no magistério. 
Atuei como professora em diversas áreas: produção de áudio (na PUC - Pontifícia Universidade Católica - PR e esporadicamente em outras universidades), professora de música para adultos e crianças em escolas de música e dando aulas particulares, ministro até hoje cursos e oficinas de formação de professores na área de educação musical, além dos cursos e oficinas online.  Gosto muito do magistério, mas descobri que o que mais gosto mesmo e a isso pretendo voltar a maior parte do meu tempo é a pesquisa. 

Sou formada pela UCPR atual PUC PR em psicologia e em Licenciatura em música pela EMBAP - Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

5) E a sua produção como pesquisadora, como está? 
Posso garantir que estou na fase mais fecunda da minha vida como pesquisadora e escritora. Tenho mais de 30 livros editados na área de pesquisa folclórica, cancioneiro folclórico infantil, produção de áudio, livros de música, etc. Escrever sempre foi a minha paixão. Atualmente juntamente com uma equipe grande de profissionais de várias áreas (pesquisadores, redatores, revisores, tradutores, ilustradores, fotógrafos, videomakers, TIs, etc), estou coordenando e produzindo o  Dicionário Fontoura de Instrumentos Musicais, primeiro no mundo nos moldes que estamos produzindo. É um dicionário online, que além dos verbetes em português e inglês, tem ilustrações, fotos, áudios e vídeos, glossários, índice de sinônimos... é um trabalho insano pela sua complexidade, mas ao mesmo tempo apaixonante e motivador. Pra quem quiser conhecer o dicionário o endereço do site é: www.dicionariodeinstrumentos.com

6) Mara, fique à vontade pra deixar suas últimas considerações, contatos, redes sociais, agenda de shows e o que mais achar necessário.
Acho que já falei demais, rssss. Agradeço a oportunidade de contar um pouco sobre o meu trabalho. O grupo Nymphas logo deve retomar suas atividades e sempre que tiver algum show ou evento vou mandando notícia. Beijocas!

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