A coletânea "Todas as Entrevistas da Lado A Discos" de certa forma foi inspirada em "As melhores entrevistas do rascunho" organizada pelo escritor curitibano Luis Henrique Pellanda cujo primeiro volume foi publicado em 2010. O rascunho é um jornal literário de Curitiba fundado no ano 2000 que acompanhei como leitor desde o primeiro número, mas que de alguns bons anos pra cá apenas vez ou outra.
As entrevistas com os escritores me aproximava de um mundo que eu apenas imaginava, que respondia questões que me intrigavam, do tipo: como você faz o que você faz? Processos criativos, publicações, mundo literário e tudo mais. Sempre fui curioso e o mundo literário me chamava a atenção, talvez fosse o despertar do meu lado jornalista. Não sou formado em jornalismo, simplesmente gosto do que envolve a escrita, incluindo técnicas para determinados tipos de texto. Há técnicas para textos acadêmicos, empresariais, jornalísticos, literários etc. Na minha opinião a literária é a mais sofisticada, mas cada técnica tem seus profissionais e especificidades.
Passei por várias delas e soube o quanto é complicado desenvolvê-las , mas de certa forma notei que poderia fazer. A ideia de juntar minha formação musical com a escrita me fez acreditar por algum tempo que haveria espaço pra mim no mercado, mas não havia. Uma das coisas que a gente deveria saber quando faz uma universidade é que, nosso curso superior pode simplesmente não dar em nada. É algo que nos proporciona refletir um pouco mais antes de decidir fazê-lo e nos prepara para situações como essa. Para mim foi uma constatação muito dolorida e foi com esse pensamento que me tornei professor.
Fui ser professor com o pensamento errado. É uma profissão que requer compreensão sobre vários aspectos comportamentais e eu não estava preparado. De certa maneira, me iludi com as bandas e com os textos que redigi durante a graduação e a pós. Tudo era apenas um ensaio para o que realmente importava que era ser professor, mas eu não pensava assim. Para mim tudo era fácil, era só chegar e fazer. Mas nada é fácil. Essa falta de clareza das coisas e vários problemas particulares me levaram a um quadro de depressão.
Esse quadro me fez questionar todas as minhas escolhas porque pra mim nada mais fazia sentido. Pensei em várias coisas, ter feito o curso errado, acreditado demais em projetos estudantis (como foi o caso das bandas), que estudar arte era coisa para gente rica, enfim... Que ninguém se interessaria pelo que eu havia estudado e que o azar era meu.
Nos últimos dois parágrafos resumi mais de seis anos, o tempo que passei dando aulas de arte (música) na escola pública. Eu precisava fazer alguma coisa porque do jeito que estava não dava. Resolvi sair e aproximadamente um ano depois fundei a Lado A Discos. De certa maneira fiquei com uma mão na frente e a outra atrás, mas apesar dos tropeços nada é em vão.
A Lado A Discos enquanto empreendimento faliu em pouco tempo, soube logo no início que ela não funcionaria, mas não havia como voltar. Eu já havia me exonerado do cargo de professor e mais um agravante, estava próximo dos 40. Precisava continuar trabalhando mesmo sem saber muito bem para onde ir. Enquanto fui trabalhando com a LA fui notando que tudo que vivi no mundo da música era história e que poderia contá-la de alguma maneira, mas ninguém se interessaria pela minha história porque as pessoas ligadas ao que faço mal sabem quem sou. Mas essas pessoas talvez se interessem por algo que a Lado A Discos contasse porque eu vinha trabalhando pela marca há alguns anos mesmo sem vender a matéria prima principal, os discos. Mas qual história a Lado A Discos contaria?
Não foi um processo intencional, no início a ideia era chamar audiência para o blog e quem sabe esse tráfego se transformasse em vendas. As entrevistas começaram com esse objetivo, mas logicamente que não vendeu disco nenhum. Era o fim inexorável da LA, não tinha mais jeito. O negócio era vender o estoque e tentar descobrir o que fazer depois. Nesse ponto, as entrevistas salvaram-se, era a única coisa que valia a pena continuar fazendo. Mas não foi fácil dar sequência a uma ideia que aparentemente não daria em lugar nenhum. As entrevistas eram interessantes, a audiência era boa, mas o que eu faria depois?
Aos poucos o projeto do livro foi ganhando força, mas faltava um número razoável de entrevistas e sinceramente eu não sabia se realizaria a próxima. O retorno de cada artista a cada entrevista era um passo a mais na realização do livro, um processo que durou quase três anos, de agosto de 2013 (data da primeira publicação) a julho de 2016 (quando foi publicada a última).
Eu vinha guardando as entrevistas em papel numa espécie de arquivo, para ter uma noção de quando elas poderiam dar um livro de ao menos cem páginas. Quando fui arquivar a última, feita com a Maria Paraguaya, pensei: acho que já é o suficiente para um livro. Aí comecei o processo para a publicação.
Passei por várias delas e soube o quanto é complicado desenvolvê-las , mas de certa forma notei que poderia fazer. A ideia de juntar minha formação musical com a escrita me fez acreditar por algum tempo que haveria espaço pra mim no mercado, mas não havia. Uma das coisas que a gente deveria saber quando faz uma universidade é que, nosso curso superior pode simplesmente não dar em nada. É algo que nos proporciona refletir um pouco mais antes de decidir fazê-lo e nos prepara para situações como essa. Para mim foi uma constatação muito dolorida e foi com esse pensamento que me tornei professor.
Fui ser professor com o pensamento errado. É uma profissão que requer compreensão sobre vários aspectos comportamentais e eu não estava preparado. De certa maneira, me iludi com as bandas e com os textos que redigi durante a graduação e a pós. Tudo era apenas um ensaio para o que realmente importava que era ser professor, mas eu não pensava assim. Para mim tudo era fácil, era só chegar e fazer. Mas nada é fácil. Essa falta de clareza das coisas e vários problemas particulares me levaram a um quadro de depressão.
Esse quadro me fez questionar todas as minhas escolhas porque pra mim nada mais fazia sentido. Pensei em várias coisas, ter feito o curso errado, acreditado demais em projetos estudantis (como foi o caso das bandas), que estudar arte era coisa para gente rica, enfim... Que ninguém se interessaria pelo que eu havia estudado e que o azar era meu.
Nos últimos dois parágrafos resumi mais de seis anos, o tempo que passei dando aulas de arte (música) na escola pública. Eu precisava fazer alguma coisa porque do jeito que estava não dava. Resolvi sair e aproximadamente um ano depois fundei a Lado A Discos. De certa maneira fiquei com uma mão na frente e a outra atrás, mas apesar dos tropeços nada é em vão.
A Lado A Discos enquanto empreendimento faliu em pouco tempo, soube logo no início que ela não funcionaria, mas não havia como voltar. Eu já havia me exonerado do cargo de professor e mais um agravante, estava próximo dos 40. Precisava continuar trabalhando mesmo sem saber muito bem para onde ir. Enquanto fui trabalhando com a LA fui notando que tudo que vivi no mundo da música era história e que poderia contá-la de alguma maneira, mas ninguém se interessaria pela minha história porque as pessoas ligadas ao que faço mal sabem quem sou. Mas essas pessoas talvez se interessem por algo que a Lado A Discos contasse porque eu vinha trabalhando pela marca há alguns anos mesmo sem vender a matéria prima principal, os discos. Mas qual história a Lado A Discos contaria?
Não foi um processo intencional, no início a ideia era chamar audiência para o blog e quem sabe esse tráfego se transformasse em vendas. As entrevistas começaram com esse objetivo, mas logicamente que não vendeu disco nenhum. Era o fim inexorável da LA, não tinha mais jeito. O negócio era vender o estoque e tentar descobrir o que fazer depois. Nesse ponto, as entrevistas salvaram-se, era a única coisa que valia a pena continuar fazendo. Mas não foi fácil dar sequência a uma ideia que aparentemente não daria em lugar nenhum. As entrevistas eram interessantes, a audiência era boa, mas o que eu faria depois?
Aos poucos o projeto do livro foi ganhando força, mas faltava um número razoável de entrevistas e sinceramente eu não sabia se realizaria a próxima. O retorno de cada artista a cada entrevista era um passo a mais na realização do livro, um processo que durou quase três anos, de agosto de 2013 (data da primeira publicação) a julho de 2016 (quando foi publicada a última).
Eu vinha guardando as entrevistas em papel numa espécie de arquivo, para ter uma noção de quando elas poderiam dar um livro de ao menos cem páginas. Quando fui arquivar a última, feita com a Maria Paraguaya, pensei: acho que já é o suficiente para um livro. Aí comecei o processo para a publicação.
Comentários
Postar um comentário