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Lado A Discos Premium entrevista izza


1 - izza, como a música entrou na tua vida?
Humm, ou como é que eu entrei na música né? Eu não lembro alguma fase da minha vida que a música não estivesse presente. Então, desde de muito pequena eu tenho lembranças de cantar, de compor, muito novinha eu já compunha coisas. Talvez a composição mais marcante que eu tive quando era novinha foi uma composição pro "fim do mundo" no ano 2000, que o "mundo ia acabar" e tal e eu fiz uma música gigante assim. Eu lembro que eu imaginava até como era a bateria da música assim, sabe? Era uma coisa bem aprofundada. Mas, foi interessante que quando eu decidi seguir profissionalmente no campo das artes eu iniciei pelo teatro e depois que a música foi realmente falando mais forte e aí então não consigo mais viver sem.

2 - Fale um pouquinho das suas influências musicais.
Eu diria que são muitas, sou muito eclética, eu gosto de muita coisa e eu sou muito de fases e é muito louco assim por que eu fico muito apaixonada. Eu me apaixono por um determinado artista, eu mergulho em todos os aspectos, na história, vou ouvir tudo, versão ao vivo, versão estúdio... Mas assim, no momento, as minhas influências mais fortes, principalmente pra esse último trabalho, o "cosmópolis", sem dúvidas o Jeff Buckley (1966 - 1997), que é um cantor transcendental, a Kimbra (cantora, compositora e instrumentista neozelandesa) que é uma cantora que acho muito completa, composição, performance, concepção dela, sonoridade, enfim...

Beach House (banda americana de dream pop) que é também uma banda que eu gosto de todos os trabalhos, todos os discos e não poderia deixar de citar os Beatles que é uma banda que eu viciei ainda criança e era a minha febre de adolescência, então os Beatles de alguma forma estão presentes na minha música.

3 - Você teve uma primeira banda e depois entrou pela carreira solo, como você fez essa transição? em que momento você achou que precisava tomar as rédeas do seu trabalho?
Foi um processo muito orgânico na verdade, por que a gente já 'tava com esse projeto do grupo "Oxente Uai", que é um grupo que mistura MPB com Música Erudita, há seis anos nesse projeto e foi um projeto que deu resultados muito interessantes, muito bacanas. A gente viajou bastante com o projeto e de fato assim, o nosso violoncelista foi pra Alemanha, o cara que tocava violão sentiu necessidade de sair por razões pessoais e o grupo se desfez, o projeto se desfez naturalmente na mesma época que eu 'tava lançando o "cosmópolis" (2017).

O João (Garcia - violoncelista), o João do cello, saiu tipo em agosto, o Victor (Rodrigues - violão e cavaquinho) em setembro e eu lancei o solo (cosmópolis) em julho. Então, na mesma época que esse projeto... Foi uma coincidência muito grande. Mas, o solo já era uma necessidade pra mim há mais tempo. É claro que... E todo mundo ficou muito surpreso assim, quando escuta o trabalho do "Oxente Uai" que eu tô numa linha bem MPB, bem assim Marisa Monte, Roberta Sá, inclusive as pessoas falavam muito que eu parecia com elas.

De fato, era uma referência forte e eu saio por uma outra linha que 'tava dentro de mim, pulsando e até então não tinha encontrado parceiros que dialogassem com essa vertente. Foi aí que eu encontrei o Matheus Lucena (guitarra e voz) que é o meu guitarrista, e aí que eu senti que ali poderia acontecer o "cosmópolis", por que, de fato, eu tinha várias composições em cadernos, mas eu precisava da sonoridade. Precisava de alguém que entendesse minha sonoridade e o Matheus foi a pessoa que caiu como uma luva. Hoje ele é meu irmão assim, eu o considero meu irmão. Aí sim eu vi a possibilidade de nascer esse projeto solo. 

4 - fale um pouquinho sobre a sua formação musical, como que você chegou a linguagem que você tem.
Eu acho que a minha formação ela se dá em dois âmbitos. Um que é institucional, eu sou atriz de formação, sou formada tanto em licenciatura quanto bacharelado em teatro pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Aí fui pra "Bituca" (Universidade de Música Popular em Barbacena - MG) e me formei em canto. Tô agora fazendo piano na Fundação de Educação Artística (FEA sediada em Belo Horizonte - MG), sou uma pessoa que gosta muito de estudar, tenho muita sede pelo estudo.

Sem falar que fui para a Itália estudar com Francesca della Monica (artista, pedagoga e pesquisadora italiana. Interpretou alguns solos de John Cage compostos especialmente para sua voz), que é uma cantora, uma artista muito importante no âmbito da voz. Então tem toda essa formação realmente institucional. Mas a minha linguagem não foi explorada no âmbito institucional, a minha linguagem eu descobri ouvindo coisas com os amigos, dentro do quarto, conversando, eu sinto que a música, ela 'tá presente o tempo todo na minha vida. Tipo assim, quando vou ali na padaria eu escuto música, quando vou tomar banho gosto de escolher um disco, antes de dormir fico ouvindo música, enfim...

Esse hábito com a música vem desde a minha família. Meu pai tinha muitos discos (vinil) de todos os artistas. Então a gente sempre soube quem era Chico Buarque, quem era Gonzaguinha, lá em casa tinha de tudo. Na adolescência eu tive uma amiga (Ramayana) que foi uma influência muito forte, uma amiga que tinha um gosto musical muito peculiar e que me apresentava muitas coisas legais e aí eu fui pegando gosto por uma "vibe" mais "indie", "indie pop", eu fui realmente me identificando nesse lugar, como ser no mundo. E aí foi se dando o meu trabalho que é fruto dessas múltiplas influências. Ao mesmo tempo que tem um lado MPB tem um lado "indie rock".    

5 - izza, fique à vontade pra fazer suas últimas considerações, deixar contatos, redes sociais, agenda de shows, e o que mais achar necessário.
Agradecer por essa oportunidade de deixar um pouco da minha história aqui e convidar as pessoas a ouvirem o "cosmópolis" que 'tá em todas as plataformas de streaming. No you tube tem uns vídeos lindos e muita coisa pra ser lançada também. No instagram - som da izza, no facebook - som da izza, enfim, um convite para as pessoas se aproximarem do trabalho. E shows agora, só lá no nordeste, em julho a gente vai pra lá e queremos muito vir pra Curitiba trazer o trabalho aqui. É isso, muito obrigada.

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Ouça com izza "a cidade" faixa do seu primeiro EP "cosmópolis".

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