Pular para o conteúdo principal

11 melhores fatos que aconteceram na minha vida

 

1) Ser adotada aos nove anos
Tive uma infância complicada, minha mãe engravidou do meu pai biológico sem se casar e separou quando eu tinha sete anos. Passei uns tempos com ela e uns tempos com meu pai, mas vivia fugindo da casa dele. Quando minha mãe se casou, fui morar com ela. Para eu ficar, meu pai de criação precisava entrar com uma documentação junto ao juizado de menores. Hoje adulta, percebo que era uma tarefa difícil, soube, por exemplo, que crianças mais velhas, em geral, tem dificuldades em ser adotadas. Além disso, ele estava inseguro e havia chances de eu ir para a "Queiróz Filho", mesmo não sendo menor infratora, ou um órgão parecido, que acolhesse menores.

Nos anos 80 a "Escola Professor Queiróz Filho", era um educandário similar a Febem (Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor) de São Paulo, hoje Fundação CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente). Mais tarde, a "Queiróz Filho" passou a se chamar Educandário São Francisco, localizado em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, que existe até hoje. Meu pai de criação acabou entrando com a documentação e ficou com a guarda e responsabilidade, minha e do meu irmão.

2) Aprender a gostar de ler
Comecei a ler literatura por volta dos treze anos, mas de maneira geral, não gostava. Foi aos catorze que uma professora me disse que ler era importante, a partir dali passei a me esforçar. Esse esforço me deu uma boa bagagem de leitura, inclusive com alguns autores preferidos. Muitos anos depois, essas leituras me ajudaram bastante no vestibular, com suas obras obrigatórias. Digo "muitos anos depois" por que não fiz o vestibular aos dezessete, como é comum, só fui entrar na universidade aos vinte e quatro, nessa idade, a maioria dos universitários já está formada. Mantenho o hábito da leitura até hoje.

3) Tocar violão
Toco violão desde os quinze anos, a música me deu disciplina, organização e persistência. Comecei a gostar de música antes de tocar violão e isso me levou a universidade e a pós, o que acabou me dando a profissão de professora. Mesmo não dando certo no magistério, o violão me deu um caminho pra seguir em frente durante os tempos mais difíceis.

4) Escrever
Comecei a escrever literatura (poesia) entre os dezesseis e os dezessete, fui juntando os papeis soltos e organizando um livro, nunca publicado. O meu interesse em leitura me levou a outros gêneros, os contos, os romances e mais tarde as crônicas. Essa habilidade me ajudou na redação do vestibular e depois na organização dos textos técnicos no curso de música.

5) Entrar para a universidade de música
Tentei o vestibular três vezes , uma aos dezoito, em psicologia (não fui fazer a prova por que reprovei o terceiro ano do antigo 2º Grau), uma aos vinte e dois, para administração (reprovei) e uma aos vinte e três, para música e comecei o curso aos vinte e quatro. A universidade me deu a única profissão que tenho, ou tive, até hoje, a de professora.

6) Entrar para uma banda de rock
Apesar da banda ter durado pouco mais de três anos e a minha permanência nela, de apenas dois, a banda curitibana que fiz parte logo depois que entrei para a universidade, tem ressonância até hoje. A stanley dix foi uma banda de surf music instrumental, onde fui baixista (1998 - 2000). Ela me abriu as portas dos estúdios de gravação e de shows, entre eles, tocamos com a lendária banda okotô e a vocalista e guitarrista Cherry Taketani (falecida em 2017) nos convidou para tocar na emblemática casa de shows "Hangar 110" em São Paulo.

7) Ser professora
Me formei aos vinte e oito e assumi o cargo de professora aos trinta e um. Olhando em retrospecto acredito que foi o auge da minha carreira profissional, ser professora foi minha única profissão. Salário e estabilidade garantidos e apesar dos desafios fiquei no cargo por seis anos e aprendi muito.

8) Livros publicados 
Ter um livro publicado era um sonho de adolescência. Aos trinta e quatro publiquei meu primeiro sobre música e mais tarde outros dois, sobre o mesmo tema.

9) Me assumir mulher
Fui internada numa clínica psiquiátrica em 2017, aos quarenta e três anos. Os motivos foram uma série de fatos na minha vida que não foram levados em consideração com o devido cuidado, um deles foi eu ter disforia de gênero. Foi uma das melhores decisões que tomei,  mudei toda minha documentação civil. 

10) Fazer terapia
Terapia é um projeto, descobri que tinha outros problemas além da disforia, emocionais e psicológicos, só o tempo me deu essa percepção. 

11) Gravar um disco de violão solo
Realização de um sonho de adolescência.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os 500 nomes mais marcantes da música curitibana

joão romano nunes aka cabelo (violonista e compositor)  A abonico smith (jornalista). ademir antunes aka plá (violonista, cantor e compositor). ademir tortato (cantor, compositor). ades nascimento (cantor, compositor). adri dallo (cantora e compositora). adri grott (cantora, compositora). adri neves (jornalista, locutora). adriano sátiro bittencourt (violonista e compositor). adriane perin (jornalista). ágatha pradnik (acordeonista). aglaê frigeri (percussionista). airto moreira (baterista, percussionista). airton mann (guitarrista, compositor). alberto rodriguez (guitarrista, cantor e compositor). alceo bocchino (maestro, arranjador, pianista e compositor). aldo pallets (guitarrista). alec beraldi aka pisCes (guitarrista, cantor, compositor). alex gregorio (violonista, compositor). alexandra scotti (cantora, compositora). alexandre benato (baixista e vocalista).  alexandre bühler (cantor, compositor). alexandre kassin (compositor, produtor cultural). alexandre martins (cantor...

Seda (álbum) 2022

Não há uma linha condutora que ligue todas as canções, mas uma escuta atenta nos faz perceber toda a riqueza e beleza desse álbum. Todas as letras escritas em um português muito bem construído. O músico  Ades Nascimento , responsável pelo projeto, explica como foi o processo de produção do álbum.  " Em 2018 o Sesi publicou Edital de inscrições para o Núcleo de Música, com as participações  do maestro Isaac Chueke , e dos produtores e compositores Vadeco Schettini e Alexandre Kassin . O Edital ofereceu 12 (doze) vagas para duas semanas de "vivência" na Casa Heitor Stockler e Estúdio Astrolábio. Foi através desse Edital que conheci Luque Diaz . Músico e produtor de uma nova geração (comparada à minha) com excelente conhecimento de produção musical. Multi instrumentista. Conhecedor de ritmos da cultura brasileira, africana e de outras nações, imediatamente rolou uma sintonia entre minhas composições e suas audições. Ao final dessa vivência submeti o projeto sedA - Ades ...

Lado A Discos entrevista Nélio Waldy (Nelinho)

1 - Fale um pouco sobre a sua carreira musical pra quem não conhece seu trabalho. Comecei no final dos anos 70, no início dos 80 tínhamos uma dupla folk chamada "Zepelin e Nélio" , eu e o Marquinhos , que é irmão do Reinaldo Godinho (importante compositor e cantor paranaense). Uma música que gravamos, chamada "cowboy americano" , tocava direto no programa que o Maki Maru tinha na Rádio Iguaçu (a rádio era uma das líderes de audiência em Curitiba , ficou no ar por trinta e um anos e desde 1968 era parte do grupo do empresário Paulo Pimentel . Foi fechada em 27 de maio de 1977 pela Ditadura Militar por ordens do então Presidente da República Ernesto Geisel, sem qualquer justificativa).  Em 82 formei o "Grupo Dharma" , que tinha uma pegada mais prog (progressiva). Como guitarrista acompanhei, alguns artistas locais e também fui baixista de baile. Em seguida formamos o "Sinal Verde" e a "Primata Embriagae" , que mais tarde vi...