Depois de pouco mais de oito meses de trabalho hoje terminei de organizar meus diários em cadernos universitários. Eu vinha tentando organizá-los antes disso, mas como não parava de anotar havia muita coisa solta que precisava de revisão. Para tentar dar unidade a eles parei de anotar no final de agosto do ano passado para poder arrumar as anotações anteriores. As primeiras são do carnaval de 2010 e se estendem até agosto de 2016.
Foi um período bastante difícil pra mim, deixei um emprego estável em 2011 por que não conseguia lidar com as minhas emoções e chorava sem motivo aparente. Eu não admitia mas a verdade é que estava deprimido há bastante tempo. Meu pai faleceu em 2013 depois de anos lutando contra uma doença que não cedia. Era algo que eu esperava mas não estava preparado para lidar com uma perda tão próxima. Meu projeto com a Lado A Discos não dava os resultados esperados e a solidão, o medo, a culpa, a dificuldade de me relacionar e falar com as pessoas sobre os meus problemas me perseguiam dia após dia.
O diário era como um farol na tempestade, ali eu via as angústias, a solidão do cotidiano, as pequenas alegrias, as incertezas do futuro, a falta de rumo na vida e a depressão que me espreitavam na caminhada. Mas aos poucos as coisas se assentaram, as ilusões ficaram no caminho e a tempestade passou. É preciso ter fé em Deus e esperança no futuro, como disse George Harrison, all things the must pass - todas as coisas passam e graças ao bom Deus sobrevivi.
Posso estar sendo dramático e sei que há pessoas em situações mais difíceis que a minha, mas era assim que me sentia e não sabia o que fazer para melhorar. Minha mãe foi muito importante nesse processo, graças a ela pude deixar o emprego e juntos atravessamos uma das épocas mais turbulentas das nossa vidas.
Cada um reage de maneira diferente as adversidades, não tenho todas as respostas e cada um é responsável pelo próprio caminho. Aprendi muito sobre mim mesmo através dos diários mas com certeza ele não é indicado para todas as pessoas que passam pelos mesmos problemas. Era o meu jeito de fazer as coisas, é só o que posso dizer.
Vou começar um processo de digitação dos cadernos, ajustar arestas, inserir notas de rodapé e tentar dar uma unidade narrativa. No final verei se será válido publicar ou não, nem tudo torna-se literatura, além disso preciso ver as possibilidades do departamento financeiro. Independente da publicação fico feliz pelos diários terem chegado até aqui e estou feliz também por ter leitores que se interessam pelo que escrevo.
Obrigado a você que acompanha o meu trabalho. Seu carinho e atenção tem sido fundamental nessa caminhada.
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