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Estudar para não esquecer - minha apresentação no café mafalda

eu tenho que me esforçar muito pra continuar tocando violão. não é tão simples quanto parece, só chegar, me apresentar e pronto, pelo menos, não pra mim. preciso estudar e dependendo do repertório, praticamente todos os dias. o problema de estudar é que muitas vezes não há motivação, não tenho agenda de shows, não faço e nem dou aulas e vídeos pra internet você sabe como é... a única motivação pra estudar é não esquecer, para a hora que aparecer uma apresentação, eu esteja com o repertório na mão.

quando saí da internação psiquiátrica, fiquei preocupada com a minha memória. esqueci completamente o repertório que tocava, com o qual havia trabalhado por três anos. o problema foi que dei o passo maior que a perna, havia decorado as músicas, mas alguns conceitos por trás da execução, eu não havia estudado. sem os conceitos estruturados, a gente esquece. são conceitos específicos,  arpejos, acordes e escalas que não conhecia o shape.

para construir o repertório esquecido eu tinha voltado a fazer aulas de violão em 2014. meu professor na época me ensinou, a meu pedido, duas músicas do violonista e compositor paranaense waltel branco (1929 - 2018), mas depois ele deixou a escola e voltou para fortaleza, no ceará. a partir dali, tive dificuldades em agendar aulas, fosse pelos compromissos dos professores, por problemas administrativos da escola, ou mesmo a didática de outros profissionais.

não sou uma violonista de alto nível, mas sabia o que queria, e percebi que enquanto não encontrasse um professor que encaixasse nos meus objetivos, teria que estudar sozinha. por isso, quando fui internada em 2017, esqueci tudo. foi um trabalho lento para reconstruir aquele repertório, cujos primeiros resultados eu levava para a minha terapeuta ouvir.

nesses dois anos e meio consegui relembrar a maioria das músicas, e no início de 2019 tive a oportunidade de mostrá-las para além da sala da minha terapeuta. toquei duas músicas para violão solo do seu waltel, "as cores do leme" e "argamassa" - no dia da visibilidade trans (29 de jan). quem me convidou foi a sabrina mab taborda, uma das defensoras da causa lgbti no paraná.

ela me convidou novamente para me apresentar no sarau trans da primavera, realizado no último dia 06 de outubro, no café mafalda, em curitiba. além das duas músicas do seu waltel, apresentei mais três: stairway to heaven (led zeppelin), sons de carrilhões (joão pernambuco) e beatriz (edu lobo e chico buarque) - todas para violão solo.

foi mais uma realização. fico profundamente agradecida a sabrina mab taborda, andreia lais cantelli e a ieda godoy - que gentilmente abriu o palco do mafalda para todas nós da comunidade lgbti.

lúcia

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