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considerações sobre a minha "sonata para violão em mi menor"

 

sonata é um termo antigo que remete ao final da idade média (séc. V - XV), refere-se a uma peça escrita para instrumento (solo ou acompanhado) em oposição a cantata que era escrita para vozes. a sonata atravessou os séculos, teve várias transformações, chegando ao século XX. ela acabou se estabelecendo como estrutura musical no período clássico (séc. XVIII - XIX) conhecido como forma sonata, que resumindo, é uma estrutura em três movimentos.

a sonata para violão em Mi menor é minha composição mais pretensiosa. talvez não tenha nada a ver com a "forma sonata" a não ser o fato de possuir três movimentos, mas foi essa pretensão que me fez entender uma série de coisas. não sei dizer por que, mas as peças foram se encaixando como em um quebra – cabeça. essa pretensão de sonata acabou tornando-se a peça principal de um mosaico que ainda seria montado. ela foi composta em várias etapas, em épocas diferentes da minha vida. juntar os três movimentos em uma única peça talvez tenha sido a tarefa mais difícil. 

compus o primeiro movimento foi por volta de 2001. voltei a compor em 2006, já passada dos trinta, sem pretensões de fama ou sucesso. foi nessa época que comecei a juntar uma coisa com a outra e a montar o mosaico do que viria a se tornar essa sonata. aos poucos fui percebendo que esse novo tema que estava compondo, era uma continuação natural daquele tema de 2001. sem saber, estava rompendo meu padrão de composição, que era basicamente em forma canção (estrofe, refrão, estrofe). não lembro exatamente quando, mas acabei compondo uma terceira parte, juntei com as outras duas e fiquei com uma peça para violão com mais de seis minutos. liguei para um amigo que trabalhava em um estúdio na época, a registrei em junho de 2007 e ela ficaria guardada nos meus arquivos por muitos anos.

não sabia que nome colocar e optei por "variações" - uma forma de composição em que um tema recebe várias alterações, uma peça bastante conhecida são as "variações goldberg" de j.s. bach. no tempo da graduação em música na ufpr (1998 - 2002), eu tinha dificuldades em entender "sonata" e "forma sonata", pra mim era tudo a mesma coisa. só dez anos depois (2012) fui entender que nem toda "sonata" tem "forma sonata", é o caso da "sonata apassionata" de beethoven, por exemplo, que é uma "variação".

eu tinha entrado em uma forma "erudita" de compor, havia criado uma peça para violão em três movimentos. reparando nisso, notei que havia ali uma "forma sonata", por isso mudei o nome, embora possa haver quem não concorde. ao entrar para essa outra maneira de compor pude recuperar uma série de assuntos que ficaram suspensos do tempo da graduação e fui compreendendo várias aulas que foram ministradas.

att.

lúcia porto

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