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o fim melancólico do rockeiro curitibano

 


quando recentemente a geração z disse em alto e bom som que os rockeiros eram cringe, deu mais ou menos pra entender os motivos, principalmente os rockeiros curitibanos, ou pelo menos, grande parte deles.

apesar do constrangimento ainda me considero rockeira, de formação musical e também porque participei de uma das bandas autorais mais importantes da cidade nos anos noventa. mas fora isso, pesquisei a história do rock, publiquei artigos e dois livros independentes, além da formação acadêmica em música, mas não quero abordar a formação universitária pra não soar pedante.

o fato, é que muita gente que se diz rockeiro hoje em dia, nunca foi rockeiro de verdade, nunca tocou numa banda, nem que fosse na garagem de casa, não leu as revistas de rock (que infelizmente acabaram), muito menos as biografias das bandas e músicos. nunca foi enganado por donos de bares oportunistas, nem voltou pra casa com o dia amanhecendo, a pé, com o instrumento nas costas, sem um puto de um real no bolso.

esses que se dizem rockeiros, no máximo, foram a shows de bandas locais querendo ver o show de graça, pra encher a cara (cuja bebida nunca foi de graça), e vomitar na calçada pra fugir dos seus fantasmas. ou ouviu alguma banda escondido, sim, por que um dia, ouvir rock, já foi como ouvir funk, os adultos não gostavam nem um pouco.

a verdade é que esses rockeiros envelheceram, arrumaram um emprego e são os adultos de hoje, que vão passar vergonha no show do roger waters, porque nunca souberam o que ele realmente quis dizer em algumas canções do pink floyd. se tivessem estudado (não digo estudar na academia, mas pesquisar por conta mesmo) a história do rock, saberia que o rock nunca foi uma coisa só e que por ele passaram-se vários caminhos.

os que se dizem rockeiros hoje em dia, desprezam o funk, assim como o rap, dizendo que não é música, logo eles, que não sabem ler um dó na partitura, fazendo o mesmo que fizeram com o rock, pois o rock também já foi considerado “não – música”. mas talvez, eu não tivesse prestado atenção direito, por que os rockeiros no brasil jogaram garrafas em carlinhos brown no rock in rio de 2001. então não é de se espantar que muitos “rockeiros” apoiem um certo presidente. curiosamente, carlinhos brown acabou tocando com o sepultura anos depois.

faço postagens provocativas no meu facebook falando que "o rock curitibano só tem peça de museu e coisa velha do tempo antigo", e os rockeiros curitibanos se ofendem por que não querem ser velhos, querem ser jovens, mas não se aproximam da juventude de hoje, vivem na juventude deles. kurt cobain morreu há vinte e sete anos e o nirvana morreu consigo, antes deles só o guns n’ roses, a última grande banda de rock da história ainda na ativa. mas não, os que se dizem “rockeiros” não aceitam uma coisa dessas, boas são as bandas que só eles conhecem e que ninguém nunca ouviu falar, inclusive as chamadas bandas curitibanas, que menos gente conhece. não há uma conhecida no nível do capital inicial, imagine do guns n’ roses. ah, mas nem o capital nem o guns são bandas de rock de verdade! claro, rock de verdade são as nossas né? que tão passando necessidades básicas na pandemia do coronavírus, sem shows, nem ajuda do governo.

veja se a anitta, que começou no funk, tá passando necessidade? ah, mas funk não é música né? tinha esquecido. a verdade é que a música é uma só e o seu rock de verdade -  rockeiro curitibano, agoniza a cada dia, principalmente porque, você mesmo nunca foi rockeiro de verdade, não compra os produtos das bandas locais, não assiste as lives e vem encher o saco na minha TL com o seu papo de bebedor de cerveja choca que só sabe falar groselha.

atenciosamente.

lúcia

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