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Mauro Martins lança seu primeiro álbum solo

 

A versatilidade musical de Funkamente Sambamental

 texto Duda Hamilton


Primeiro trabalho solo gravado do multi-instrumentista Mauro Martins, que é também compositor, produtor e arranjador, tem dez músicas. O repertório é um resumo dos seus quase 40 anos de estrada, embalados pela influência do samba, do jazz , da música afro-americana

 

Em 19 de dezembro chega em todas as plataformas digitais o primeiro álbum do multi-instrumentista Mauro Martins (MM), radicado há 32 anos na Europa, entre França, Alemanha e Suíça. Funkamente Sambamental traz dez músicas, quase todas composições do artista, que é também produtor e arranjador. Com seu estilo originalmente brasileiro, Mauro expressa toda sua versatilidade musical internacional neste álbum, que tem o selo ARS MAGNA, marcado por seus estilos preferidos. Nele MM é múltiplo - direção musical, programação dos teclados, arranjos, baixos elétrico e acústico, bateria, violão e percussão.

 

Funkamente Sambamental  reúne muitos anos de trabalho e de amizades musicais pelo mundo todo”, conta Mauro pelo celular direto de Karlsruhe (Alemanha), entre uma e outra pausa do trabalho em estúdio. O álbum sai também em versão física, em CD, para aqueles que ainda utilizam essa mídia, e pode ser reservado e adquirido com a Brasil Nativo (contato.brasilnativo@gmail.com) Multiproduções.  “Aproveitei para lançar parceiros compositores e convidar amigos para o vocal”, revela. Participam do projeto gravado em Curitiba e na cidade alemã Rogéria Holtz, Idriss Boudrioua, Marcelo Martins, Lucas Franco, Paulinho Di Tarso, Viviane de Farias, Mario Conde, Jeff Sabbag, Bertl Mayer, Ricardo Fiuza, Wesley Rubim e Rubinho Jacob. 

 

MM conta que escolheu o repertório de acordo com o estilo de cada músico, de cada intérprete. “Algumas composições foram tomando nova identidade”, alerta.  Em sete das dez músicas, Mauro foi o compositor. Todas elas criadas na Europa. Um dos destaques é a canção  Gol do Brasil, em parceria com Paulinho di Tarso, tem a voz de sua mulher Vivi de Farias e piano e teclado de Jeff Sabbag. Di Tarso está também ao lado de Rubinho Jacob em Ruminante Love. Em outras, como Aeroporto e Fogueira About, a execução é só do multi-instrumentista.

 

Abrindo o álbum, Laerciando foi composta para o maestro paulista Laércio de Freitas (pianista, compositor e arranjador). “Uma homenagem ao seu estilo de samba, choro, uma música que meu pai ouvia com prazer. Uma herança.”

 

“Este disco é como se eu estivesse falando abertamente da influência do jazz, do samba e da música afro-americana na minha vida musical”, Mauro Martins.

 

O guitarrista Mario Conde, incentivador do projeto e parceiro de grupos musicais na adolescência de Curitiba, acompanha MM em Funk Zappa, composta em homenagem a Frank Zappa. “Sou admirador da complexidade das suas composições e de sua concepção harmônica. Quando ouvi pela primeira vez foi uma ótima surpresa, diferente de tudo que eu já tinha escutado”.  

 

Três músicas são de diferentes compositores: Baden Powell e Vinícius de Moraes (Canto de Ossanha); Lucas Franco e Murilo Silvestrim (Quem com fogo fere) e Idriss Boudrioua e Marcelo Martins (Magnifique). Mauro não esconde sua preferência por Canto de Ossanha, versão em inglês, na voz da mulher Vivi de Farias, com quem tem um trabalho intenso: Balakumbala Duo. http://balakumbala.com/contact/2021/


Vivi de Farias e Mauro Martins, apresentam na Europa o Balakumbala Duo


Outra cantora que empresta sua voz ao disco é Rogéria Holtz, acompanhada de Lucas Franco no piano e Marcelo Martins no vocal, sax e flauta em Quem com fogo fere, que flerta com a música mineira. Convidado especial, o Quarteto de Acuerdo formado por João Silva e Luis Mascaro (violinos), Felipe Escalda (viola) e Uri Catalá (violoncelo) gravou Desapego.


As bases de Funkamente Sambamental foram gravadas na França e na Alemanha. A ideia inicial de Mauro era fazer tudo no Brasil, no estúdio, mas veio a pandemia e virou a vida dos músicos de cabeça pra baixo. “Foram mais de dois anos de trabalho gravando entre Brasil e Alemanha”, explica.

 

Neste projeto, salienta MM, Beto Japa (masterização) e Gisele Filippetto (Brasil Nativo Produções) tiveram um papel tão importante quanto o dos músicos. “Foi tão inspirador e valioso que já está no forno mais um disco, dessa vez com músicos da Europa e Estados Unidos”, adianta Mauro Martins.

 

FICHA TÉCNICA

Direção Artística - Mauro Martins

Arranjos - Mauro Martins

Planejamento Estratégico - Gisele Filippetto

Produção Executiva - Luciano Moro

Gravado e Mixado no Estúdio Brasil Nativo Multiproduções – Curitiba, Outubro/2021. As músicas Funk Zappa e Gol do Brasil forma gravadas no Estúdio Gramofone – Curitiba, Outubro/ 2021

Engenharia de Gravação e Mixagem - Paulo Roberto Nakagaki

Masterizado por Beto Japa Produções de Áudio

Projeto Gráfico - Luciano Popadiuk

Fotos - Carol Saporsky e Alceste Ribas

Textos – Duda Hamilton

 

BRASIL NATIVO MULTIPRODUÇÕES

Direção Geral - Gisele Filippetto

Coordenação de Produção - Jefferson Bastos

 

Músicas

1 – Laerciando

2 – Canto de Osanha

3 – Quem com fogo

4 – Magnifique

5 – Gol do Brasil

6 – Aeroporto

7 – Ruminante Love

8 – Fogueira About

9 – Funk Zappa

10 – Desapego



QUEM É MAURO MARTINS, O MULTI-INSTRUMENTISTA


Vivendo na Europa profissionalmente como músico desde 1990, Mauro Lúcio Martins nasceu em Curitiba, em 1968. Criado no meio musical ao lado de dois tios Oscarzinho (guitarra) e Mililique (bateria), desde pequeno teve facilidade com diferentes instrumentos. Primeiro foi a percussão e a guitarra, na sequência, a bateria e o baixo, onde se sente mais à vontade. 


Sua lembrança mais remota com a música é com 5 ou 6 anos, tocando num baixo feito pelo irmão, bem grave. “Foi a melhor escola que pude ter, imaginar, intuir o som”, lembra ele que nunca estudou música. Na adolescência, nos anos 1980, tocou em diferentes bandas nos palcos de Curitiba, e começou sua vida profissional na música. “Gostava de ajudar meu pai na marcenaria, mas a música sempre me encantou”, conta. 


Sua primeira composição, em 1982, foi Missão Comprida, por ser longa, com o grupo instrumental Sotak (Curitiba), onde empunhava seu baixo Condor vermelho. Em fevereiro de 1989, a vida de Mauro Lúcio, como era conhecido na época, deu uma guinada ao ser convidado para tocar na Suíça. Lá gravou seu primeiro trabalho em 1992, o CD Manha, com o Grupo Sotak, cujos integrantes eram Paulo Branco (sax e produção musical), Marilia Giller (piano e teclados), Mario Conde (guitarra), Endrigo Bettega (bateria) e Mauro Martins (baixo).  Três anos depois entrou no estúdio para fazer o lendário e raro CD Impacto Ímpar, ao lado de Endrigo Bettega (bateria) e Mario Conde (guitarra).  “Uma referência para toda uma geração de músicos do Brasil em se tratando de música instrumental”, afirma Hamilton de Holanda.


Hoje, Mauro Martins trabalha na Europa como baixista, compositor, baterista, arranjador e em muitos estúdios. “Gosto dos palcos, mas me sinto melhor no estúdio fazendo produção”, conta por telefone se deslocando da Alemanha para a França. O instrumentista participou e participa de muitos festivais e eventos musicais, entre eles o Festival de Jazz de Montreux, JVC Jazz Festival em Paris e Orquestra Sinfônica de Branderburgo. Seu preferido é o Cape Town Jazz, na Cidade do Cabo, na África do Sul, com a pouco conhecida no país, Tânia Maria. Uma artista brasileira que vive da música desde os anos 1970 na Europa.


O estilo originalmente brasileiro não impede o instrumentista de expressar sua versatilidade musical, e permite que ele participe de projetos diversificados. Mauro Martins já subiu no palco com grandes nomes da música, como Randy Brecker, Larry Coryell, Toninho Horta, Phill Collins, Raul de Souza, Gene Lake, Richard Galliano, Airto Moreira e Flora Purim.

Seus músicos de referência são muitos, mas ele cita os cinco principais: Tom Jobim, Lyle Mays, Quincy Jones, Toninho Horta e George Duke.


Atualmente, com sua mulher Viviane de Farias faz o Duo Balakumbala - um trabalho baseado em composições de Jobim, Ary Barroso, Milton, Chico Buarque, Edu Lobo, Dorival Caymmi, entre outros.  Como baterista, Mauro participou dos CDs do trombonista Raul De Souza, Blue Voyage e Brazilian Jazz. O disco Blue Voyage, que saiu pelo selo SESC, com oito novas obras e arranjos inéditos assinados por Raul, é o registro ao vivo de uma apresentação na sala Maison des Artistes, na cidade Chamonix, na França, em 2017. 


Em sua penúltima visita ao Brasil gravou, com o multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo e com Glauco Sölter, o álbum Cataia. “Somos três baixistas, um toca piano, outro baixo e mais um toca bateria. Fizemos um CD sem nada estipulado”, conta Mauro.  Neste ano, o multi-instrumentista fez turnê de 20 shows com Toquinho na Europa e já tem mais outras dezenas para o primeiro semestre de 2023.


Mauro Martins termina o ano de 2022 lançando seu primeiro trabalho solo: Funkamente Sambamental, que chega às diferentes mídias em 19 de dezembro, com o selo ARS MAGNA da produtora Brasil Nativo Multiproduções.

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