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Meu encontro com Negra Li


No início de 2008 consegui uma transferência no meu trabalho de professor e fui dar aulas de música em uma escola na periferia de CuritibaFazia pouco tempo que a segunda temporada da série “Antônia” havia ido ao ar na TV e eu tinha uma matéria da Folha de São Paulo com uma foto das meninas no meio do meu material didático. Na época não vi a série nem o filme e sabia por cima que uma das meninas se chamava Negra Li.

Eu conhecia alguns nomes do Rap Nacional e uma ou outra faixa, mas nada que fizesse uma diferença significativa que eu pudesse inserir no meu planejamento. Mesmo assim aquela matéria da Folha foi utilizada em alguma aula e comentei sobre o Rap e suas origens citando a Lauryn Hill como representante, mas o pessoal não deu muita atenção.

Lembro que em uma aula sobre Bossa Nova um aluno disse que aquilo era música de “playboy”. Fiquei pensativo, a Bossa Nova era a junção do Samba e do Jazz e não havia nada de “playboy” na origem desses estilos, aliás, eles vinham da mesma fonte do Rap. Mas não adiantava explicar. Em outra aula vi em um caderno de outro aluno um poema grande que dizia: “A lua cheia clareia as ruas do Capão...” Vi de passagem enquanto caminhava pela sala e não perguntei de quem eram aqueles versos.

Em 2008 Negra Li gravou com o Skank a faixa “Ainda gosto dela” e achei bastante interessante aquele trabalho. Não associei aquela menina com a série “Antônia”, soube apenas que ela possuía alguma ligação com o Rap, mas não sabia qual. Em 2006 ela havia gravado o CD “Negra Livre” que também passou batido por mim. Minha carreira como professor acabou em 2011 porque muitas coisas não funcionaram. Uma delas foi eu saber pouco sobre o Rap Nacional.  Em julho de 2012 Negra Li veio pra Curitiba lançar seu CD “Tudo de Novo”. De alguma maneira soube que ela gostava da Lauryn Hill e foi o assunto que iniciei em nossa curta conversa.

Só depois desse encontro fui saber que ela havia participado do RZO e tinha gravado alguns backing vocals no clássico “Rap é Compromisso” único disco do rapper Sabotage de 2001. Certo dia ouvindo os Racionais MC’s (de quem eu conhecia uma ou duas músicas) reconheci os versos de uma letra – “A lua cheia clareia as ruas do Capão...” É aquele poema daquele aluno! Ele tinha a letra inteira no caderno de “Da ponte pra cá” lançada pelos Racionais em 2002 no álbum “Nada como um dia após o outro dia”.

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