1 - Superar desafios.
Sempre fui um músico limitado, não conseguia tocar músicas inteiras e também não conseguia tocar e cantar ao mesmo tempo. Minha voz era bem baixinha e eu morria de vergonha se tivesse que mostrar uma música pra alguém, minha mão tremia, meu coração disparava, sentia falta de ar, um horror. Tentei várias músicas, mas não tinha jeito, ficava tudo pela metade e a interpretação era péssima, alguém que tenha me ouvido naquela época deve ter pensado: Esse cara nunca vai conseguir tocar. Levei sete anos para tocar uma música inteira, foi Jealous guy do John Lennon. A gravei numa fita cassete e dei de presente para uma namorada na época.
2 - Ter paciência.
Na aprendizagem musical podemos tomar vários caminhos e muitos deles podem não levar exatamente onde queremos. Posso dizer que fui campeão em tomar o caminho errado porque não entendia uma série de coisas. Por exemplo, eu queria tocar Patience do Guns n' Roses e só conseguia tocar os acordes de Sol e Ré maior que entram naquela espécie de coda que há depois que a música dá a impressão que termina. Só recentemente reparei que ela tem um arranjo complicado feito para três violões, além do contracanto no final. Eu queria tocar e cantar tudo sozinho com o meu violão e não entendia porque não conseguia. Era um problema de escolha de repertório, se não tivesse desenvolvido uma espécie de paciência teria parado de tocar.
3 - Organização.
Não sou um exemplo de organização, sou mais metódico que organizado e no tempo da faculdade minhas anotações eram o caos. Mesmo assim consegui no final do curso, organizar em um caderno de música toda a matéria teórica que anotei durante os 4 anos de faculdade. Tenho esse caderno até hoje e ele foi a base do meu caderno de compositor onde escrevo as partituras de algumas peças que desenvolvi.
4 - Que o padrão de qualidade é relativo.
Não importa o que você faça, você pode compor uma sinfonia ou descobrir uma afinação nova e tocar aquele blues que sempre quis tocar - em geral as pessoas não entendem esse tipo de coisa. Para elas tanto faz se você gravou em estúdio ou no seu quarto, quem se importa com isso são pessoas cujo interesse por música vai muito além do trivial e elas são poucas. A maioria ouve música por ouvir e para elas você só vai ser bom se estiver no programa de maior audiência da TV aberta. Para elas Heitor Villa - Lobos não existe porque ele não toca na TV aberta e a gente sabe que não é bem assim.
5 - Existe dom, mas também existe estudo.
Há músicos que nascem com um diferencial para a carreira, aprendem com facilidade, às vezes sem professor, e se desenvolvem rapidamente. No entanto, muitos não sabem montar um acorde de Dó Maior em uma pauta musical. Isso faz mais falta na hora de direcionar e falar sobre o trabalho do que no trabalho em si. Alguém que estudou música pode ser necessário em algum momento em um trabalho musical, mas nem sempre esse alguém aparece.
6 - O gosto pelos estudos.
Fui bom aluno nos primeiros anos do Ensino Fundamental, mas relaxei nos anos finais. No Ensino Médio estive mais para ruim do que para bom e reprovei dois anos seguidos por poucos décimos na mesma disciplina. Mesmo sendo aprovado por conselho de classe na última reprovação me decepcionei com a escola e parei de estudar por 5 anos. O gosto pela música me fez entrar para a universidade e lá mudei minha visão do mundo. Depois que terminei os estudos descobri que os estudos nunca acabam.
7 - Competição em música é bobagem.
Nunca impressionei alguém por tocar violão, não que eu saiba. Algumas pessoas riam das coisas que eu tocava ou esnobavam por acharem complexo demais. Eu não sabia, mas havia muita competição entre os músicos que eu conhecia. Demorei a me dar conta desse tipo de coisa, mas quando percebi pensei: Se for ouvir esse tipo de comentário vou parar de tocar. Meu lema depois disso foi: Se você gostar, ótimo. Se não gostar, paciência.
8 - Música é um trabalho, mesmo que as pessoa digam que não.
As pessoas tem uma visão de que trabalho é sofrimento e que se você não sofre não está trabalhando, está se divertindo. Elas tem seus motivos para pensar dessa maneira. Optei por trabalhar em algo que supostamente me daria mais alegria. Paguei e continuo pagando um preço por isso, um deles é as pessoas acharem que eu não trabalho.
9 - Socialização.
Sou uma pessoa difícil, a música foi a maneira que encontrei de me comunicar. Praticamente todas as pessoas do meu círculo social tem alguma ligação com ela.
10 - Trilhar um caminho.
Há muitas pedras no caminho, as lições podem ser mais importantes que os resultados.
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