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Lado A Discos Premium entrevista Marina Camargo


1 – Quando você começou na música você foi direto para o acordeom ou passou por algum outro instrumento?

Eu comecei tocando acordeom aos 12 anos. Minha avó é acordeonista, então tive uma influência. Lembro de minha avó ter me dado um pequeno acordeom, de 12 baixos, e eu ficava ouvindo os vinis de música gaúcha e tentando acompanhar.  Mas a minha maior influência foi o CTG (Centro de Tradições Gaúchas) que eu frequentava. Ali tive toda a minha iniciação musical, aprendi a dançar, desenvolvi meu senso rítmico e também onde comecei a tocar acordeom. Num dia a diretora do CTG chegou pra mim e disse “tem um concurso de acordeom feminino no próximo festival, porque você não participa?”. Aí eu disse, “mas eu não toco acordeom”, e ela respondeu “mas porque você não aprende?”. O detalhe é que o concurso era dali a 3 meses. Então eu topei o desafio! Fui fazer aulas com um professor particular e comecei a aprender. Acabei participando do concurso e ganhando! Então o início da minha história com o acordeom pode-se dizer que foi meio por acaso. Dessas coisas que acontecem, mas que na realidade creio que era pra acontecer mesmo.


2 – Em que momento você percebeu que a música seria sua profissão e que ser acordeonista era o caminho?

Aos 16 anos eu já estava dando aulas de acordeom numa escola de música da minha cidade (Curitibanos/SC). Eu tinha alguns alunos e gostava de dar aulas. Então, chega aquele momento do vestibular... Como eu já dava algumas aulas pensei: “Eu poderia, quem sabe, fazer uma faculdade de música”. Acabei prestando os vestibulares de Florianópolis e Curitiba, e passei na UFPR. Vim morar em Curitiba em 1998 e aqui estou até hoje! A partir do momento que comecei o curso de música as oportunidades foram aparecendo. A universidade pra mim, além de ser um lugar de conhecimento, é também onde você conhece muitas pessoas do teu futuro ramo de trabalho. Assim, vai criando uma rede de contatos que será muito importante para o teu futuro como profissional. Durante o meu curso de música eu toquei com várias bandas, fiz shows como convidada, e tudo isso foi me levando cada vez mais pra dentro do universo musical. Chega um momento que você está tão envolvida e percebe que é aquilo mesmo que você quer fazer da sua vida! Eu nunca planejei “quero ser acordeonista”. As coisas foram acontecendo, mas eu sempre senti que era isso que eu queria fazer. 


3 – Você já participou de diversos projetos na carreira, poderia citar alguns para os leitores do blog?

Participei de alguns grupos musicais e muitos projetos como convidada, desde shows musicais até peças de teatro. Dos grupos que participei posso citar: Chalé Chaminé, minha primeira banda ainda na universidade; Grupo de Percussão da UFPR, onde pude entrar em contato com o universo da percussão na música erudita; Laska Côco, um grupo de forró onde pude exercitar o aprendizado de estar no palco; Novos Matutos, grupo de música de raiz com o qual gravei um disco com a obra pesquisada por Mário de Andrade; Fole Harmônico, grupo de acordeonistas onde eu fazia arranjos e era assistente de direção.

O Baque Solto e o Folebaixo são os grupos em que fui fundadora e meus principais trabalhos hoje. O Baque Solto começou em 2002 enquanto eu ainda estava na universidade. Passaram pelo grupo diversos músicos e hoje nossa formação é um quinteto: bateria, baixo, guitarra/violão, acordeom e voz. Em 2012 gravamos nosso primeiro disco com 11 canções. O álbum “cinematerapiareligiãoecarnaval”, tudo junto assim mesmo, ficou na lista dos 100 Melhores Álbuns da Música Brasileira em 2012 pelo site Embrulhador.

Agora no segundo semestre de 2015 o grupo fará uma turnê por sete cidades incluindo Curitiba, Maringá/PR, São José dos Pinhais/PR, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador/BA e Belo Horizonte/MG. Essa turnê será bem importante pra gente, pois é um projeto que queríamos fazer há muito tempo, levar a nossa música para além das fronteiras! 
http://www.melhoresdamusicabrasileira.com.br/2012/12/84-baque-solto-cinematerapiareligiaoeca.html 


4 – E o Folebaixo como surgiu?

O Folebaixo surgiu de um convite do Marcelo Pereira. Ele me chamou para montarmos um repertório de música instrumental brasileira usando o acordeom e o contrabaixo elétrico. Isso foi em 2003. Fizemos vários shows nessa formação e em 2009 surgiu a ideia de inserirmos outros elementos. Nasceu então o Folebaixo Lounge, que é a união dos instrumentos orgânicos (acordeom, baixo, violão, guitarra, teclado) com os elementos eletrônicos (programações eletrônicas, samples). Queríamos fazer algo novo, que trouxesse um frescor pra música instrumental. Coincidiu também com a nossa vontade de investir mais em nossas músicas, no nosso trabalho autoral. Começamos então a compor pensando nesse estilo musical “o lounge”, que traz as batidas eletrônicas mais lentas. Tivemos um pouco de influência de grupos argentinos como o Gotan Project e o Bajofondo, e também de músicos brasileiros como a Fernanda Porto e o Bossacucanova.


5 – O duo está lançando seu primeiro CD “Lounge”, comente um pouco sobre o que o ouvinte pode esperar desse trabalho.

Esse primeiro álbum traz toda nossa trajetória até agora. São composições desde que começamos com essa nova proposta de misturar música brasileira com batidas eletrônicas. A maioria do álbum é no estilo lounge, que além de ser um estilo da música eletrônica, também é o nome do lugar onde as pessoas podem sentar, deitar em meio a almofadas, relaxar. Creio que o disco traz essa atmosfera, são composições para se ouvir e relaxar.
Além das composições lounge, fizemos duas músicas onde usamos o drum’n’bass como base, que já é uma batida eletrônica mais rápida. O disco é na maioria instrumental, mas traz duas canções: Melancolia e Maré, essa última é meu debut como letrista. Para interpretar essas canções convidamos a cantora Juliana Cortes. O álbum teve ainda a participação do baterista Fábio Charvet. Inclusive, as baterias foram gravadas com um pé só! O Fábio está morando na França e quando veio para o Brasil no ano passado o convidamos para gravar. Dias antes da gravação ele quebrou o pé. Mas como ele gosta muito da gente (rsrsrs) resolveu gravar assim mesmo, com um pé só. E ficou ótimo por sinal!

Para ouvir o álbum:


6 – Em 2014 vocês tocaram em Viena, na Áustria. Como foi a experiência de tocar fora do Brasil?

Nós fomos convidados para participar de um festival chamado Nosso Jogo. Esse festival foi feito em parceria com o projeto Espírito Mundo que é dirigido pela Aline Yasmin de Vitória/ES. O festival foi organizado visando mostrar para a comunidade austríaca um pouco da cultura brasileira, mas que fugisse do estereótipo “mulata e caipirinha”. E por isso nós fomos selecionados, pois a nossa música traz essa mistura da bossa nova, da música do sul do país, da influência do tango.

Tocar fora do Brasil primeiramente foi uma experiência de vida. Eu nunca tinha saído do país e de cara já foi aquele choque cultural. Conhecer a cultura de outros países é uma experiência que eu recomendo para todos. É uma coisa que te marca para o resto da vida!
E para um músico, ter a oportunidade de tocar em Viena é realmente incrível.  É uma cidade que acolheu durante séculos muitos músicos e você sente o peso da história e a atmosfera musical do lugar.

Por outro lado é interessante perceber que, tanto lá quanto aqui, os músicos enfrentam desafios parecidos. Problemas existem em todos os lugares, a diferença é a língua que você tem que falar pra tentar resolvê-los!


7 – Marina fique a vontade para fazer suas últimas considerações, deixar contatos, redes sociais e agenda de shows.

Primeiramente quero agradecer ao Nei pelo convite para a entrevista e convidar a todos para assistirem aos shows do Folebaixo e Baque Solto.

Podem entrar em contato comigo pelo facebook:

Também podem acessar o meu site:
www.marinacamargo.mus.br

E pra acessar a nossa agenda podem curtir as fan pages do Folebaixo:

Baque Solto:
www.facebook.com/baquesolto

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