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A vida não é só de desvantagem - Lúcia Porto na FIMS 2018

c/ Eduardo Mercer (à esq.) - FIMS 2018

Não conheci o produtor musical Carlos Eduardo Miranda (1962 - 2018) pessoalmente, mas ele é o primeiro no cartaz a esquerda a nos observar. Nós, no caso, somos Eduardo Mercer, autor do livro "Uma Fina Camada de Gelo" e eu, Lúcia Porto, autografando meu livro "Todas as Entrevistas da Lado A Discos" para o Eduardo na fotografia acima. Na verdade o "Miranda" está ali como parte de divulgação do livro do Eduardo, que fala sobre a cena roqueira curitibana e ele deu um depoimento para o livro dizendo por que, na sua opinião, as coisas por aqui não vão pra frente.

Conheci o Eduardo na FIMS - Feira Internacional da Música do Sul, realizada em Curitiba entre os dias 20 e 23 de Junho. Fui contemplada com uma bolsa para o evento devido ao curso História do Rock que ofereci a Rua da Cidadania do Boa Vista coordenada pela Cris Herrera. A FIMS é um evento que aproxima produtores, músicos, escritores, pesquisadores e agentes públicos para business, ideias, experiências, shows, workshops e palestras. Tive a oportunidade de assistir a algumas palestras e conversar com vários artistas, entre eles Os Replicantes.

showcase d'Os Replicantes na FIMS - 2018

Os Replicantes são uma banda punk formada em Porto Alegre em 1983 que teve reconhecimento nacional. Marcaram época os ex-integrantes Wander Wildner (vocalista) e o baterista Carlos Gerbase. Atualmente a banda é: Julia Barth (vocais), os irmãos Cláudio Heinz (guitarra) e Heron Heinz (baixo) e o baterista Cléber Andrade. Eles estão lançando seu novo CD, Libertà. Nunca tinha visto um show deles e fiquei impressionada. Som foda pra caralho.

c/ Julia Barth vocalista d'Os Replicantes - FIMS 2018

Os Replicantes pra mim são uma lenda e conversando com a Julia ela me disse que está com eles há doze anos, mais tempo que o Wander Wildner. Fiquei feliz em conversar com ela (conversei com os outros integrantes também), mas a performance da Julia me inspirou bastante e talvez por sermos mulheres nos aproximamos mais, ela soube do meu processo e da minha mudança de gênero nos poucos minutos que conversamos.

Foi assim com outras pessoas também, com a cantora Ni Salles, a Cida Airam também cantora (que já sabia) e o próprio Eduardo. Fiz uma etiqueta com meu nome social para colar na capa do livro, não posso esconder meu nome atual e também não posso desprezar o trabalho feito antes da transição. Aliás essa foi uma questão que me deixou nervosa. Era preciso fazer um cadastramento na Feira e meu ingresso estava como Lúcia Porto. Não dá pra andar maquiada em Curitiba, pelo menos, não sempre e eu estava sem maquiagem. Haveria algum tipo de constrangimento, eu tinha certeza. O rapaz olhou o nome, olhou pra mim e disse: Lúcia Porto? Sim, sou eu. Não houve nenhuma outra frase, em certas situações a gente percebe tudo no ar.

livro e a etiqueta com meu nome social.

credencial - FIMS 2018 

É difícil saber o tamanho que o meu trabalho tenha e onde ele possa chegar, mas de qualquer forma sempre acreditei nele, mesmo sabendo das dificuldades que a cultura de modo geral enfrenta no Brasil. Estar participando da Feira Internacional da Música do Sul é um indicativo de que meus escritos talvez tenham alguma relevância.

Lúcia

c/ a cantora Ni Salles na FIMS - 2018

c/ a cantora Cida Airam na FIMS - 2018

c/ o percussionista Denis Mariano e a cantora Michele Mabelle na FIMS - 2018

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