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Marinho Jr. - Uma lenda quase esquecida do rock paranaense

Blindagem (primeira formação)
Da esq. para dir. - Paulo Juk, Alberto Rodriguez, Marinho Jr, Paulinho Teixeira e Ivo Rodrigues

Certo dia andava pela rua em Curitiba, provavelmente vindo de alguma loja de discos, e um cara me parou. Era desses caras que começam a contar histórias e não param mais, fiquei ali ouvindo, tenho curiosidade pelas histórias das pessoas. Ele disse que tinha tocado bateria em uma banda e feito algum sucesso (não disse o nome da banda) e depois caiu no mundo e estava precisando de um trocado. 

Quando ele disse que tinha tocado bateria em uma banda imaginei que fosse a Blindagem, a banda de rock mais importante do Paraná. Na história da banda havia um baterista que gravou o primeiro disco (Blindagem - 1981) e depois desapareceu. Curiosamente o disco tornou-se o mais clássico da banda e o baterista do disco, uma lenda. Soube de cara que aquele rapaz magrinho a minha frente era ele, não fiz perguntas, coloquei a mão no bolso, peguei alguns trocados e dei à ele. Nos cumprimentamos e saí. Foi a primeira e única vez que o vi.

Primeiro disco da Blindagem, com Marinho Jr na formação, lançado pela Continental em 1981

Mário Leite de Barros Júnior estudou no Colégio Estadual do Paraná e entrou para a Blindagem com 16 ou 17 anos, por volta de 1978, onde ficou conhecido como Marinho Jr. Entrou para a história do rock paranaense ao gravar o primeiro disco da Blindagem lançado em 1981. Saiu da banda em 1984 para entrar em outra banda curitibana, a Don Martelo

 Don Martelo
Da esq. para dir. - Marinho Jr, Chico Ultrabo, Odin Jr, Edu Coelho e Diogo Fonseca

a Don Martelo gravou em 1985, como banda de apoio, o compacto de estreia do cantor Ricardo Rolim, que mais tarde ficaria conhecido como Ricardo Moura - vocalista dos Bartenders, outra importante banda curitibana.  

Compacto de estreia de Ricardo Rolim gravado com a Don Martelo - 1985

Aparentemente a última banda que Marinho participou foi a Ponto 50, que contava com Laertes Antunes na guitarra e Diogo Fonseca no baixo e vocais, já nos anos 90. O grupo deixou apenas alguns registros em VHS. 

Cartaz de show com a Ponto 50 - provavelmente a última banda de Marinho Jr

Marinho também tentou a vida como professor de bateria, que infelizmente não funcionou. O vício em drogas o pegou pra valer e passou a pedir pelas ruas da cidade, foi nessa época que o encontrei. Morreu em 2004 de infecção generalizada com pouco mais de 40 anos.

Veja Marinho Jr. na bateria com a Ponto 50 em "A Herança" - um dos raros registros deixados pela banda, gravado em 1993.

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