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Lado A Discos Premium entrevista Rafael Marchiorato

O Sebbo - Rafael Marchiorato, Daniel Doria, Diego Sant'Ana e Well Marques.

1 - O Sebbo teve uma longa parada e retornou recentemente, como foi esse processo de retorno? 
Realmente a banda ficou cinco anos parada, o último show que nós realizamos foi em 2011. Nós fizemos o Psicodália (importante festival de música da região sul do Brasil) daquele ano. Nós tocamos na noite do Tom Zé, foi bem bacana. Fizemos mais alguma coisa, mas aí logo a banda se encerrou. Se encerrou por quê? Por que estávamos cansados, foi um processo desgastante de longa data, saída de integrantes, recomeçar várias vezes com integrantes novos. A Marga (Margareth Blaskievicz, ex - integrante) minha esposa também estava cansada, tinha a questão da educação das crianças, por que dois integrantes com filhos é bem complicado. Então houve esse desgaste, só que não houve brigas, não houve nada, a gente acabou parando simplesmente. Eu cansei, por que sempre corri atrás de tudo, quando parei de fazer isso, a banda parou. 

E aí cinco anos se passaram, e uma amiga minha que se chama Manuela, uma das fundadoras do Psicodália, ficou me incentivando pra voltar com O Sebbo. "Vamos fazer uma festa", "a banda era muito boa" e ela acabou plantando uma sementinha em mim e eu acabei gostando da ideia. Liguei e conversei com os integrantes originais, foi um longo processo até conseguir chegar na formação de retorno, que foi ainda com alguns originais eu (Rafael - Teclados), o Geison (Budel - Baixo) e a Marga (Blask - Vocais) e da formação posterior o Halisson (Guitarra) e o Wellington (Bateria).

Então, ficou uma banda mista e nós fizemos o show de retorno no Jokers (importante casa de shows em Curitiba) e que foi muito emocionante por que fazia muito tempo que eu não tocava. A partir daí, a gente começou a vislumbrar novos projetos e nesse processo, o Geison apresentou desinteresse em continuar, por que ele já estava em muitos trabalhos e outros projetos. A Marga não quis continuar, por que ela não queria mais aquilo, quis se dedicar mais a família e eu nesse momento tive que tomar uma decisão, continuo ou não? 

Por que só ficou eu da formação original. Aí conversei com o Wellington (Marques - Baixo e Vocal) e com o Halisson e a gente decidiu fazer um quarteto e convidamos o Diego (Sant'ana - Bateria e Vocal) que já tinha feito algumas participações com O Sebbo alguns anos atrás e aí se concretizou a segunda formação. E aí devido a vários problemas com falta de disponibilidade, o Halisson acabou não ficando e a gente convidou um amigo em comum, o Dória (Daniel - Vocais e Guitarra) que é a formação atual. 

2 - E o início de tudo, como aconteceu? 
O início de tudo é uma história longa, mas eu sempre tive banda, desde garoto. No começo com banda rockabilly, sempre tive uma veia do rock 'n' roll anos 50, depois uma banda beatles cover e nesse processo do cover comecei a desenvolver as primeiras músicas autorais. Depois que terminou essa banda eu montei uma primeira banda de rock autoral, que se chamava "Liga Leve". Tocamos poucas vezes, mas foi essa banda que plantou a primeira semente do que viria a ser O Sebbo no futuro. 

Essa banda tinha na formação o Marcos Gonzatto que depois se tornou guitarrista dos Faichecleres. Era eu, ele, o Jonathan, que era baterista, e o José Bilá que é músico na cidade, mas que tenho pouco contato hoje em dia. Foi essa banda que iniciou tudo, inclusive algumas composições d'O Sebbo nasceram nessa banda. A banda acabou, teve uma formação interessante que era eu, o Ivan (Halfon - hoje na Confraria da Costa), o Gabila (ex baterista do Gato Preto) e o Rodrigo Piazzetta (que mais tarde seria da formação d'O Sebbo), mas não teve jeito e eu fiquei um período parado. 

Aí no meu trabalho (engenharia) conheci o José Túlio e começamos um papo para formar uma banda, e através dele começamos a primeira formação d'O Sebbo. Era ele (José Túlio), que convidou seu primo, o Geison (Budel), que depois se tornou um dos integrantes mais importantes da banda, nesse período entrou o Denis (que depois foi do Sopro Difuso). Essa primeira formação foi uma experiência e dela nasceu a base, mas que não vingou, mas a ideia continuou e a gente tentou achar outros integrantes. 

Até que a gente chegou na formação que era: eu, o Geison, a Marga, o Rodrigo Piazzetta e o Fernando Horochoski. Nessa formação (2003 à 2005), a gente fez muita coisa, tocou em muito barzinho e abrimos muitas portas, foi quando O Sebbo criou nome. Essa formação se desfez quando o Fernando Horochoski e o Rodrigo Piazzetta saíram. 

Nesse momento entraram o Marcelo Guedes e o Hermann Ruthes e aí se concretizou o que eu chamo de formação clássica d'O Sebbo por que é a formação do disco. Essa formação colheu todos os louros do que a gente plantou com a formação anterior. A gente começou a tocar em todos os lugares bacanas, TV, Rádio, Programas, mas tudo construído com a formação anterior. Essa formação clássica foi de 2005 até 2009, aí saiu o Marcelo Guedes e entrou o Wellington (Marques) na bateria, integrante que está até hoje comigo. Ele agregou muito em relação a vontade e ideias e hoje considero a banda tanto dele quanto minha, e essa formação ficou até 2011 quando a banda encerrou. 

3 - Dê uma geral na discografia pra quem não conhece a banda. 
O Sebbo não tem muita discografia, tem um disco que se chama "Beta", que é uma raridade hoje, um compacto feito com a primeira formação da banda, lançado no Teatro Paiol e na antiga Vinyl Club (lendária loja de discos da cidade). Foi nesse período que você (Lúcia Porto) fez o release pra nós. Acho que tem fotos desse lançamento, onde estava inclusive o Waltel Branco. Esse compacto tem cinco músicas. 

Depois disso temos muitas participações em coletâneas, do Psicodália e de fora do Paraná. Em 2007 concluímos o álbum, que levou dois anos pra ser produzido, que se chama "por que não sabíamos voar" que só não saiu em vinil por uma questão pontual, a Polysom (gravadora de vinil brasileira, aberta em 1999, fechada em 2007 e reaberta pela Deckdisc em 2009) fechou bem nesse período e logo em seguida a nossa gravadora fechou. 

Em 2011, no último show d'O Sebbo , tivemos a captação de gravação do próprio festival (Psicodália), trabalhamos nesse disco e fizemos um "ao vivo", mas que nunca foi lançado. Então, existe um disco "ao vivo" d'O Sebbo em 2011. Tivemos participação em desenho animado, gravação do acústico Mundo Livre (importante rádio rock da cidade) e nesse momento estamos em processo de desenvolvimento de um disco novo. 

4 - E o seu aprendizado musical, você começou como? Compondo, tocando... ?
Comecei estudando piano no Colégio Estadual do Paraná e com professores particulares também. Me interessei pela música porque ganhei uma flauta de um tio que já é falecido, foi meu primeiro instrumento musical, posteriormente ganhei um teclado, desses pequenos da Casio. O Colégio Estadual do Paraná foi muito importante pra mim, foi lá que estudei piano, que me desenvolvi, participei de peças teatrais, inclusive quando o Colégio foi reformado toquei uma música do Jerry Lee Lewis na reinauguração em um piano recém restaurado. Tem um episódio muito engraçado por que eu coloco o pé em cima do piano e chuto o banco na frente do Governador

Depois disso comecei a me interessar por rock antigo, anos 50, e a me desenvolver no piano nessa área. Em um determinado período conheci o Marcos Gonzatto, um amigo de infância praticamente e nós nos encontramos através dos Beatles, pra mim uma escola de música excepcional. Meu pai comprou dois discos, o "For sale" e o "Let it be" que eu ouvia sem parar e me apaixonei pela banda e posteriormente completei a coleção. O Marcos vivia lá em casa, montamos várias bandas e foi com ele que comecei a fazer música autoral. Depois cada um seguiu seu caminho, mas sempre fomos amigos. 

5 - Comente um pouquinho sobre as suas influências musicais. 
Rock anos 50, Beatles, quando conheci o rock brasileiro dos anos 70, O Terço, Casa das Máquinas, Os Mutantes, Som Nosso de Cada Dia, Patrulha do Espaço, aí me apaixonei por esse gênero, me apaixonei pelo rock nacional e nunca mais abandonei. Led Zeppelin, Jimi Hendrix, Lynyrd Synyrd, Free... Resumindo, 50, 60 e 70. 

6 - Rafael, fique à vontade para fazer suas últimas considerações, deixar contatos, redes sociais, agenda de shows e o que mais achar necessário.
Sou uma pessoa realizada musicalmente falando, por que a gente tocou com grandes nomes, tive a honra de conhecer pessoas que nem estão mais entre nós hoje, como o Ivo Rodrigues (vocalista do Blindagem e d'A Chave), o Manito (tecladista e saxofonista, fez parte d'Os Incríveis e do Som Nosso de Cada Dia), o Percy (Weiss - vocalista do Made in Brazil e da Patrulha do Espaço). 

A banda me proporcionou esses momentos incríveis, de poder tocar com eles, de tocar para grandes públicos. Sou muito orgulhoso do trabalho que desenvolvemos e o legado, mesmo que pequeno, conseguimos deixar, estamos trabalhando. Agora falando do futuro, estou com uma banda bacana, uma equipe legal, o som está mais pesado, você está convidada para o show que vai ser dia 25 de agosto lá no Capone (importante casa de shows da cidade). Estamos querendo gravar o disco novo, vamos fazer esse disco acontecer. Estamos no Facebook, no Spotify, no Soundcloud e You Tube

Obrigado pela oportunidade e pela força. 

Grande abraço.


Ouça O Sebbo em "Seu mundo inteiro vai cair".

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