não me lembro de ter aprendido algo sobre a Força Expedicionária Brasileira (FEB) na época de escola, mas tive um amigo de trabalho, aos quinze anos, que sabia muito sobre a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial. ele acabou se tornando uma espécie de irmão mais velho, apaixonado por aviões, cujo sonho era ser piloto, mas havia reprovado na aeronáutica, por um pequeno problema na visão. as primeiras histórias que ele me contou foram sobre o 1º Grupo de Aviação de Caça, cujo símbolo era o "senta a pua!" e que usava os aviões p-47 thunderbolt.
1º Grupo de Aviação de Caça - ao fundo o p-47 thunderbolt. (Museu do Expedicionário).
sua paixão pela FEB, aos poucos, foi passando pra mim e com a distância que a vida nos impôs, mantive minha curiosidade e admiração pelos pracinhas. aqui em Curitiba há o Museu do Expedicionário, cujo p-47 thunderbolt, exposto a céu aberto é bem conhecido. comecei a visitá-lo esporadicamente na adolescência e quis o destino que eu morasse próximo ao Museu por quase quinze anos, já no início da idade adulta.
o baterista dos "paralamas do sucesso" João Barone, autor do livro: 1942 - o Brasil e sua guerra quase desconhecida (2013), é filho do ex - pracinha João de Lavor Reis e Silva (1917 - 2000) que lutou na campanha da FEB na Itália. em dezembro de 2018 ele esteve no Museu do Expedicionário para lançar uma nova edição do seu livro e eu como entusiasta da FEB, estive presente.
comecei a leitura em junho do ano passado, foram longos nove meses de leitura, em parte pelo meu tratamento psiquiátrico e terapêutico, que prejudica minha capacidade de concentração. mas era uma leitura importante pra mim onde pude abrir meus horizontes sobre a presença do Brasil no maior conflito bélico da história.
o livro aborda detalhes que eram desconhecidos por mim, como treinamento da FEB feito pelo V Exército Americano, que exigiu do Brasil um "Grupo de Enfermeiras", foram as primeiras mulheres a entrarem nas Forças Armadas do país, além do treinamento feito pelo 1º Grupo de Aviação de Caça com as Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos (USAAF).
ao fim da campanha na Itália a FEB foi desarticulada, ainda em território italiano. Getúlio Vargas (1882 - 1954), presidente do Brasil na época, graças a um golpe de estado, temia que a FEB pudesse tirá-lo do poder. os pracinhas ao voltarem, apesar das cerimônias oficiais, não receberam o que fora prometido. foram proibidos de contar suas histórias de guerra e de usar os uniformes com as insígnias da força expedicionária, além de serem discriminados dentro do próprio Exército Brasileiro. apesar de tudo, Getúlio acabou afastado do poder, sendo substituído por Eurico Gaspar Dutra (1883 - 1974), no entanto, Getúlio não teve seus direitos políticos cassados, retornando a presidência, pelo voto direto, em 1951.
o livro de Barone, virou documentário. o autor comenta, nessa nova edição, que conseguiu algumas imagens raras, ao pesquisar imagens do museu do holocausto (holocaust museum) dos Estados Unidos. são imagens do 1º Grupo de Aviação de Caça decolando para alguma missão durante a campanha na Itália. os aviões usados pelos pilotos brasileiros era os thunderbolts p-47, de várias séries, alguns da série D, outros da série A-4 e etc. na sequência das imagens mostra-se o 2º ten. aviador Torres voltando da missão.
o avião usado pelo 2º ten. na guerra, era da série A-4 e, na teoria, era pra ser justamente o thunderbolt p-47 exposto na praça do expedicionário, aqui em Curitiba. no entanto, o avião original, sofreu um acidente no Rio de Janeiro e ficou completamente destruído. há uma dúvida histórica, qual seria então o avião que está exposto na praça do expedicionário? segundo consta, seria um p-47 D, pilotado pelo capitão aviador Fortunato Câmara de Oliveira (criador da logo do 1º Grupo de Aviação de Caça - Senta a Pua!). na mesma época, Curitiba recebeu outra série de thunderbolts, construídos depois da guerra. o avião exposto na praça do expedicionário saiu do aeroporto do bacacheri em 1969 e há quem sustente que escolheram um thunderbolt em melhores condições (construído depois da guerra), alteraram a pintura e que aquele avião nunca voou na Itália.
quando encontrei João Barone, fazia pouco mais de um ano que havia saído da internação, estava com outro nome e em outro gênero. minha expressão feminina era bem pequena (é ainda hoje) e tem sido uma guerra para mantê-la viva. me apresentei a ele como Lúcia e foi o primeiro livro autografado que ganhei nessa nova fase da vida.
ficam aqui minhas homenagens ao soldado João de Lavor Reis e Silva que lutou na campanha da Itália e ao seu filho João Alberto Barone Reis e Silva que mantem viva a memória da Força Expedicionária Brasileira.
![Resultado de imagem para p-47 thunderbolt](https://cdn.bandnewsfmcuritiba.com/band/wp-content/uploads/2019/05/Museu-do-Expedicion%C3%A1rio.jpg)
p-47 thunderbolt em frente ao Museu do Expedicionário - Curitiba.
comecei a leitura em junho do ano passado, foram longos nove meses de leitura, em parte pelo meu tratamento psiquiátrico e terapêutico, que prejudica minha capacidade de concentração. mas era uma leitura importante pra mim onde pude abrir meus horizontes sobre a presença do Brasil no maior conflito bélico da história.
o livro aborda detalhes que eram desconhecidos por mim, como treinamento da FEB feito pelo V Exército Americano, que exigiu do Brasil um "Grupo de Enfermeiras", foram as primeiras mulheres a entrarem nas Forças Armadas do país, além do treinamento feito pelo 1º Grupo de Aviação de Caça com as Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos (USAAF).
ao fim da campanha na Itália a FEB foi desarticulada, ainda em território italiano. Getúlio Vargas (1882 - 1954), presidente do Brasil na época, graças a um golpe de estado, temia que a FEB pudesse tirá-lo do poder. os pracinhas ao voltarem, apesar das cerimônias oficiais, não receberam o que fora prometido. foram proibidos de contar suas histórias de guerra e de usar os uniformes com as insígnias da força expedicionária, além de serem discriminados dentro do próprio Exército Brasileiro. apesar de tudo, Getúlio acabou afastado do poder, sendo substituído por Eurico Gaspar Dutra (1883 - 1974), no entanto, Getúlio não teve seus direitos políticos cassados, retornando a presidência, pelo voto direto, em 1951.
o livro de Barone, virou documentário. o autor comenta, nessa nova edição, que conseguiu algumas imagens raras, ao pesquisar imagens do museu do holocausto (holocaust museum) dos Estados Unidos. são imagens do 1º Grupo de Aviação de Caça decolando para alguma missão durante a campanha na Itália. os aviões usados pelos pilotos brasileiros era os thunderbolts p-47, de várias séries, alguns da série D, outros da série A-4 e etc. na sequência das imagens mostra-se o 2º ten. aviador Torres voltando da missão.
o avião usado pelo 2º ten. na guerra, era da série A-4 e, na teoria, era pra ser justamente o thunderbolt p-47 exposto na praça do expedicionário, aqui em Curitiba. no entanto, o avião original, sofreu um acidente no Rio de Janeiro e ficou completamente destruído. há uma dúvida histórica, qual seria então o avião que está exposto na praça do expedicionário? segundo consta, seria um p-47 D, pilotado pelo capitão aviador Fortunato Câmara de Oliveira (criador da logo do 1º Grupo de Aviação de Caça - Senta a Pua!). na mesma época, Curitiba recebeu outra série de thunderbolts, construídos depois da guerra. o avião exposto na praça do expedicionário saiu do aeroporto do bacacheri em 1969 e há quem sustente que escolheram um thunderbolt em melhores condições (construído depois da guerra), alteraram a pintura e que aquele avião nunca voou na Itália.
quando encontrei João Barone, fazia pouco mais de um ano que havia saído da internação, estava com outro nome e em outro gênero. minha expressão feminina era bem pequena (é ainda hoje) e tem sido uma guerra para mantê-la viva. me apresentei a ele como Lúcia e foi o primeiro livro autografado que ganhei nessa nova fase da vida.
ficam aqui minhas homenagens ao soldado João de Lavor Reis e Silva que lutou na campanha da Itália e ao seu filho João Alberto Barone Reis e Silva que mantem viva a memória da Força Expedicionária Brasileira.
Lúcia Porto
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