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por lúcia porto
introdução
post para blog tem uma técnica, twitter já é outra, facebook, também. cada linguagem requer uma abordagem diferente, jornalismo, por exemplo, enfim… a grande questão é mais ou menos a mesma, o leitor precisa, na teoria, terminar a leitura, não abandonar o texto. agora, vamos combinar que, com a quantidade de coisas que há por aí, o leitor prestar atenção justamente no seu texto é um desafio.
tem mais coisas, mas vamos ficar por aqui, tem gente que capricha nas fotos, é um recurso, em geral elas encobrem a fragilidade do texto. tem gente que capricha nos textos, porque encobrem a fragilidade das fotos. cada um usa os recursos que tem. precisa ser interessante, quase que cotidianamente, mas vamos combinar que ninguém é interessante o tempo inteiro.
tenho meu jeito de fazer as coisas, mas isso não aconteceu de ontem pra hoje. talvez dê pra ensinar, talvez não. se você quer escrever, precisa escrever, meio que diariamente. ir tentando. dá pra publicar também, mas não espere leitores. eles virão com o tempo. às vezes, o texto da gente tem problemas que ainda não percebemos e o leitor simplesmente desiste. tem que persistir, se você realmente gosta de escrever. o legal é que persistindo você consegue sacar a técnica e o estilo de muita gente.
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descanso
normalmente dou um tempo de descanso para os meus textos , em geral de um dia. mas pode variar, tenho um conto, por exemplo, que está no descanso há dez anos! esse post não teve, um pouco porque é curto e um pouco por causa da prática. acho o descanso importante, porque no calor do momento tudo parece bom, mas depois…
trabalho assim, se depois do descanso eu ler e continuar gostando, o texto é bom, se não, vai pro lixo. se o texto sobreviver ao descanso, começo a fase de ajustes, é nessa fase que está aquele conto. os ajustes são complicados porque dependem da personalidade do autor. no meu caso, sou detalhista e conforme o dia, posso ajustar apenas parte do texto e continuar no dia seguinte, mas não posso reler o que já foi ajustado, senão ajusto novamente e aí os ajustes não acabam. terminada essa fase passo para a próxima e procuro não ler mais o texto depois de publicado.
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título
em geral deixo o título para o fim. sempre procuro algo que não seja óbvio, mas às vezes o óbvio também funciona. é que a obviedade pode não estimular o leitor e aí ele lê o título, mas não o texto. gosto bastante de usar frases do texto, mas também pode ser um conceito, que dê conta do que foi dito.
pra mim não existe fórmula, em alguns momentos não encontro o título que me agrada e espero mais alguns dias, tem funcionado. não lembro de ter algum manuscrito guardado por falta de um bom título. não posso dizer que seja fácil, porque muitas vezes, não sei exatamente onde a ideia vai parar, mas nesse caso, por exemplo, eu sabia que seria uma série de pequenos textos sobre técnicas e métodos de trabalho.
demorei um pouco para chegar nessa conclusão, a ideia do título me veio durante uma caminhada. o mais difícil é fazer as coisas irem adiante, a gente tem uma ideia, vai desenvolvendo, coloca um título e publica. no entanto, as coisas precisam fazer um certo sentido, por que sempre me vem uma questão relativamente difícil de responder: por que exatamente estou fazendo isso?
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rascunho
rascunho é diferente de descanso, no descanso a ideia é acertar um ou outro detalhe, no rascunho você pode simplesmente ignorá-lo, não há compromisso. o objetivo é desenvolver alguma coisa, qualquer coisa.
é algo que você pode guardar, se desejar. caso se torne um escritor seus leitores podem ter acesso ao seu processo criativo. senão, ninguém saberá como aconteceu, talvez nem você mesmo. escritores consagrados tem originais com alterações, nesse caso, o rascunho foi relativamente aproveitado.
tenho alguns guardados, mas eles dão muito trabalho para catalogar. no meu caso, são manuscritos, não sei como o pessoal se organiza com os digitais. o aproveitamento vai depender de escritor para escritor, se o profissional utiliza pouco rascunho, é porque já tem uma técnica bastante desenvolvida e acaba pulando essa parte do processo, principalmente em textos curtos. se está começando é comum fazer bastante rascunho e pouca coisa ser aproveitada, se é o seu caso, não desanime é assim mesmo.
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cortes
uma vez a poeta paranaense helena kolody (1912 – 2004) disse que um bom texto não tem “andaimes”. imaginei o texto exatamente como numa construção, depois de pronta você precisa retirar os “andaimes”. chamei essa parte do processo de “cortes”. é quando o texto está pronto, mas precisa dos últimos retoques, retirar excessos.
em geral são frases longas, que podem ser resumidas em duas ou três palavras, por exemplo: “hoje o dia está com muitas nuvens…” você pode substituir por “tempo nublado”. há também o abuso de preposições, por exemplo: “de onde veio tal coisa? da casa de maria.” você pode substituir por “qual origem de tal coisa? maria.” são apenas exemplos, vai depender do estilo do autor e dos personagens (se houver)… essa limpeza do texto dá maior fluidez a leitura e o leitor não cansa facilmente, porque em princípio, a ideia é que ele termine de ler o que você escreveu. com excessos é possível que ele desista da leitura.
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ideias
procuro trabalhar com assuntos ligados ao que me inquieta. às vezes tenho uma ideia boa que não desenvolve. tenho vários lugares onde posso utilizá-las, mas às vezes, ela não passa de um post no facebook.
obviamente que procuro seguir uma linha de trabalho, no caso, algo ligado ao blog da lado a discos premium, mas a vida não é uma coisa só. desenvolvo outros assuntos e deixo em stand by. ter muitas ideias sobre vários assuntos, pode ser bom, mas é preciso fazer escolhas, se não corremos o risco de ficar sem direcionamento, e sem ele não chegamos a lugar nenhum.
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publicações
hoje em dia a publicação não tem o mesmo efeito que teve sobre a minha geração. com o advento da internet e a explosão dos blogs e redes sociais qualquer pessoa pode publicar facilmente. na minha adolescência ser um escritora publicada era uma espécie de status que dividia as mulheres das meninas. em todo caso não vou negar que os blogs e redes sociais facilitaram as coisas, mas a publicação em papel para mim ainda tem um certo encanto.
particularmente, acredito que para um iniciante seja melhor começar a publicar em outros veículos. obviamente, o aspirante a escritor pode fazer o que quiser, mas publicar em outro veículo dá mais credibilidade, afinal qualquer um pode publicar no próprio blog.
comecei publicando em outros veículos, programas de shows universitários, convites de lançamento, revistas, jornais e sites independentes, releases para bandas (nem sempre assinados) etc. isso me deu background e experiência para organizar as coisas quando resolvi publicar por conta própria.
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carreira (um)
é preciso publicar de tempos em tempos e valorizar as próprias publicações. obviamente, todo mundo quer um contrato com uma editora e viver de direitos autorais, mas as chances disso acontecer são mínimas. se mesmo assim, você insistir numa carreira literária é preciso arquivar e valorizar o próprio material, se não você cai no esquecimento.
o auge da carreira (na minha humilde opinião) é o livro, mas outras publicações são importantes, colunas, artigos, convites, enfim, o que aparecer, principalmente no início. por outro lado, com o tempo é preciso ter um foco, no meu caso optei pela música, mas se pode optar por qualquer área.
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carreira (dois)
entrevistas podem ser raras para quem é independente, mas de vez em quando elas aparecem. é importante arquivá-las em áudio ou papel. geralmente o entrevistador também é independente e essas entrevistas podem desaparecer em alguma gaveta ou apagada da web. se você não arquivar, vai ficar sem o material, sem ele é provável que seu trabalho caia no esquecimento e se isso acontecer você pode desistir. é um material importante para a organização do portfólio, é nele que você verá a evolução da própria carreira.
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ser recusada
ser recusada pode parecer o fim do mundo e de certa maneira é mesmo. mas se você é como eu e não vive sem escrever, essa recusa pode ajudar no caminho, afinal se até a j. k. rawling foi recusada, quem somos nós na fila do pão?
todo mundo quer ser aceito por uma editora, mas arrisco dizer que se você for aceito logo de início é bom ter cautela. mas não é esse o nosso caso, não é mesmo? então, vamos voltar a nossa realidade. muita gente boa foi recusada e se isso servir de alento você pode inserir – se nesse time.
escrevo porque preciso, é uma das maneiras que encontrei para me expressar. então, não importa muito se vão pagar ou não, se vão ler ou não, o que importa é expressar o que sinto. é mais ou menos por aí. sei que pode soar romântico demais, mas não tenho outra explicação, e no final das contas publiquei meus livros, mesmo sem editoras.
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