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Lado A Discos Premium entrevista Isis Karolina


1 - Fale um pouco sobre a sua trajetória musical até chegar a Wood Surfers? 
Com catorze anos criei vínculo com a cena independente e underground, quando iniciei minha primeira banda punk, MindScream, da qual fui vocalista. segui com outros projetos musicais, destaque para a banda Freak Phantoms (2005 - 2008), na qual fui reconhecida como a primeira baixista de psychobilly no Brasil a tocar baixo acústico – instrumento emblemático do estilo.

Em paralelo, atuei inicialmente como assistente de produção na finada "Rock Paulera Produções" de Ronald Nicolaico (Bufunfa), que trouxe algumas atrações, nacionais e internacionais, para a Londrina. Após um intervalo de sete anos morando fora, retornei à Londrina em 2015, quando retomei a produção de eventos musicais na cidade e dei início a diversos projetos que giram em torno da música: iniciei a discotecagem IsiSka (ska, 2tone e afins) que teve o maior número de edições na festa Skadaria, do Barbearia, a festa e discotecagem VENUS in FURY, em parceria com Carol Dutra e atual festa KRACKED de rock’n roll cru, com Analua Ito.

Bandas que fiz parte:
Surface (hardcore - baixista) – 2001 - 2002 / The Guzzlers (skacore) – 2002 - 2004 / Ellen and the Maclarens (cover Sex Pistols, vocal, Londrina) / Freak Phantoms (psychobilly, Londrina) / Kozmic Gorillaz (surf music, Curitiba) / Trypanossoma (trash metal, Curitiba) / Rods and the Hot Pipes (rock’n roll garage, Londrina) e a atual banda de surf music experimental WOOD SURFERS (Londrina).

Bandas que produzi:
Shows: BNegão e os Seletores de Frequência e Cidade Verde Sounds, ambas pela W-King Produtora e Torture Squad (SP), Claustrofobia (SP), Corona Kings (Maringá), Devilish (SP) e Escambau (Curitiba) pela Terra Produtora (autoria).

2 - E a banda Wood Surfers, como surgiu? 
A banda teve início em festas de republica por volta de 2013, na época tocavam Marcos Pelisson, Lucas Figueiredo e Anão. A banda teve uma pausa e quando voltou em 2016 eram Marcão e Billy Monster na bateria, como precisavam de baixista e eu conhecia o Billy, já havíamos inclusive tocado juntos no Freak Phantoms, ele me convidou para conhecer o som. Eu gostei muito e assim nasceu a primeira formação oficial da Wood Surfers. Logo, Billy Monster precisou sair e Lucas Figueiredo retornou à banda, que agora estava consolidada com o nome e estilo musical.

3 - Comente um pouco sobre as suas influências como baixista. 
Foi sentada numa van indo assistir a um show hardcore, com dezesseis anos, que ouvi no rádio, através da fitinha K7 de alguém, Matt Freeman (Rancid) tocando baixo pela primeira vez. Na época, achei aquilo tão marcante que pensei “quero tocar baixo”. Dee Dee Ramone (Ramones) e Glen Matlock (Sex Pistols) me chamaram a atenção antes mesmo de eu acreditar que aprenderia, por conta da afinidade que eu tinha com o som. Depois, acabei ouvindo muito skacore, skapunk, ska tradicional e daí surgiram diversas influências, porém logo veio o psychobilly e aí muita coisa mudou. Com toda certeza, dentro da nossa própria cena nacional já tinha muita gente em quem se inspirar, infelizmente nessa época não tinha uma referência feminina no baixo acústico

Esse foi apenas o pontapé inicial, porque logo minhas influências se tornaram outras, na verdade eu nunca me prendi a um estilo, muito pelo contrário, as diversas formas de tocar baixo era o que mais me chamava a atenção. No cenário surf, posso dizer que Sam Bolle (agent orange e dick dale) foi uma grande influência.

4 - Atualmente você mora em Londrina, como está a cena autoral por aí e demais cidades ao redor? 
Londrina é uma cidade onde todo mundo se conhece, a cena é legal, mas nem sempre os shows lotam, talvez exatamente por esse sentimento de “eu conheça ela, outra hora eu vou” ou “já vi esse show/festa, deixa pra próxima”, mas também quando acerta a mão aqui, a coisa é linda demais.

Com a Wood Surfers tocamos muito mais para fora do que aqui, mas também, vamos combinar, tocar direto na mesma cidade pode saturar tanto a banda, como o bar e o público. Na maioria dos eventos locais, eu mesma que produzi, então sempre foi aquela correria pra ajeitar tudo e não ficar um ponto sem nó. Quando não era eu e/ou Carol Dutra (uma parceira de produções) era algum conhecido, como Billy Monster, Diego Menê, pessoal do Barbearia, Thiago Terror, Véio (Cativeiro Bar) ou Marcelo Domingues, realizando o evento. Daí você já tem uma ideia que nem todos mexem com cena autoral. hehe. (Desculpa se esqueci de alguém).

5 - A banda tem um disco, lançado em 2018. Como estão os planos para o novo disco? 
Sim, lançamos através do selo Otitis Media Records, do Texas/EUA, no final de 2018. Atualmente já estamos com seis músicas novas, na espera de uma verba (hehehe) para lançar algo, mas desse ano não passa. quatro dessas músicas já são tocadas em shows. Nosso maior sonho é fazer um primeiro lançamento em vinil, seja um relançamento do que já foi gravado ou um EP com essas novas.

6 - Isis, fique à vontade para suas últimas considerações, deixar contatos, redes sociais, agenda de shows e o que mais achar necessário.
Esses tempos atrás eu dei uma desanimada na cena autoral, nas produções, no público e tudo o mais, mas acabei participando de alguns festivais, Brasil afora, que me fizeram ver o quanto ainda existem pessoas que vivem por isso, vivem pela música, que acreditam no que fazem, pessoas que buscam a difusão da arte. 

Esses encontros são como uma injeção de ânimo, da mesma forma é gratificante encontrar produtores que fazem de tudo pela cena, como é o caso do pessoal de Maringá, da Radio Cadillacs / Caverna 128 – Paulão Mohawk e Ji Ramos, Andye Iore e sua comunicação sobre o cenário independente. 

No festival Picnik, em Brasília, também conhecemos pessoas incríveis que se empenham nos cenários independentes e também foi lá que me apaixonei pelo show das minhas amigas Time Bomb Girls, que eu não tenho nem palavras pra elogiar essas meninas. 

Um grande festival que me incentivou a não desistir e que agora infelizmente não sei se vai continuar é o Paraíso do Rock, em Paraíso do Norte / PR, que é uma aula de solidariedade entre músicos, organizadores e artistas em geral e, claro, jamais deixaria de falar da minha casa há quinze anos, o Psycho Carnival (realizado anualmente em Curitiba). Mas porque estou falando tudo isso? Para mostrar que ninguém tem que desistir de nada.

SEMPRE HAVERÁ OS ROQUEIROS, SEMPRE HAVERÁ A RESISTÊNCIA.

Veja a Wood Surfers ao vivo no Estúdio Sanza - em Assis Chateubriand / PR.

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